desmente afirmações do presidente da Junta
Madeira Amorim , o presidente da Pró-Comissão Pinhal Novo a Concelho considera “autênticas aberrações” as acusações proferidas pelo presidente da Junta de Freguesia, na edição anterior do “Setúbal na Rede”.
Considerando que o que Álvaro Amaro diz “é totalmente mentira”, Madeira Amorim só vê uma explicação para isso: “ele não consegue pôr o PCP para trás das costas, neste processo”.
Setúbal na Rede – Em entrevista concedida ao nosso jornal, o presidente da Junta de Freguesia de Pinhal Novo tece duras críticas à Pró-Comissão e ao seu presidente, acusando-o de falta de democracia quer no processo de auscultação das populações e entidades locais quer na preparação do projecto de elevação. Aceita essas críticas?
Madeira Amorim – É totalmente mentira. Eu até admito que as pessoas deturpem um pouco as coisas mas não desta maneira. E não é a primeira vez que o senhor presidente da Junta salta para a comunicação social a dizer aberrações deste tipo. Depois da reunião mantida na sede da Junta, no dia 24 de Janeiro, para falar do projecto em preparação, o senhor Álvaro Amaro voltou a dizer uma série de aberrações que nada tinham a ver com o que lá se passou. Claro que não posso aceitar tais críticas porque quando o senhor Álvaro Amaro nos acusa de falta de legitimidade para votar propostas ou representar a população eu pergunto quem foi que elegeu aos capitães de Abril para fazerem a revolução. No entanto o 25 de Abril foi feito e a população esteve do seu lado.
SR – Mas as acusações vão mais longe e o presidente da Junta garante que este processo decorre sem a consulta das populações e dos órgãos representativos dos eleitores. É verdade?
MA – Isso é uma atoarda monumental porque, felizmente sabemos que temos a população do nosso lado, temos mantido contactos e marcámos já diversas reuniões com os moradores das diversas zonas de Pinhal Novo. Aliás, o senhor Álvaro Amaro diz que na tal reunião realizada no dia 24 de Janeiro, a comissão rejeitou todas as propostas dos convidados para alargar o grupo e isso é pura mentira. Para já, fui eu quem lançou essa proposta e ela foi aprovada por maioria. A proposta, que fui eu que fiz e não o senhor Álvaro Amaro, contempla o convite à participação da Assembleia de Freguesia, Assembleia Municipal, Câmara Municipal de Palmela, todos os partidos políticos, comissões de moradores e o movimento associativo. Aprovámos, ainda, o calendário para a realização dos trabalhos e a data da entrega do projecto aos grupos parlamentares. Por isso o senhor presidente terá de aceitar o que foi decidido em democracia, porque não estamos, felizmente, na Europa de Leste, e aqui a democracia é para respeitar.
SR – Se, como diz, todas as acusações proferidas contra si não passam de atoardas, então que leitura faz da posição tomada pelo presidente da Junta de Freguesia de Pinhal Novo?
MA – Bom, desde um de Setembro que temos vindo a demonstrar uma grande dignidade em todo este processo mas eu não tenho culpa de ser socialista e de ele ser comunista, e muito menos de ter sido o PS a ter esta ideia e levá-la em frente. Estranho este comportamento, até porque na comissão temos elementos de todos os quadrante políticos.
SR – Neste processo o senhor é ainda classificado, pelo presidente da Junta, como um “derrotado da política”, acusado de usar esta comissão para obter protagonismo pessoal e de manipular os resultados das reuniões, transmitindo à comunicação social o que lhe dá mais jeito.
MA – Olhe, se eu quisesse protagonismo tinha aceite o lugar no meu partido (PS) quando me convidaram para as últimas eleições autárquicas, ou teria aceite os convites feitos pelo PSD e pelo PP. Mas não aceitei porque o que pretendo não é protagonismo mas sim o progresso de Pinhal Novo. Além disso não sei como é que posso ser derrotado da política se nem sequer participei nas eleições. Quanto à comunicação social, é mentira que eu deixe transparecer o que me dá mais jeito mas já é verdade que, pelo facto de ter sido jornalista e de me dar bem com os ex-colegas, sou solicitado e tenho as portas abertas.
SR – O presidente da Junta de Freguesia sustenta que este projecto, em elaboração, não terá pernas para andar se não forem feitos vários estudos, nomeadamente os de impacte financeiro e demográfico, para além da criação de uma nova freguesia e, possivelmente a “anexação” de terrenos já que, para Álvaro Amaro, a área de Pinhal Novo, só por si, não chega. Esses estudos serão feitos ou não são necessários?
MA – Isso é pura demagogia e de um extremismo incrível. Já fizemos saber ao senhor presidente que esses projectos não são necessários e se ele não o sabe é porque não quer saber. De acordo com a lei, é o próprio Governo que faz esses levantamentos quando tem o projecto de elevação em mãos. Quanto à possibilidade de criação de uma nova freguesia – que pode correr em paralelo com a de elevação de Pinhal Novo – foi avançada por mim há uns meses e sabe-se que um processo não pode estar dependente do outro, sob pena de atrasar o da subida a concelho. Depois, a questão da área deste território também é falsa porque sabemos que Barreiro e Alcochete são concelhos e dispõem de áreas inferiores á da freguesia de Pinhal Novo.
SR – O presidente da Junta de Freguesia de Pinhal Novo ameaça abandonar a comissão se esta não tomar um rumo “democrático”. Não será um risco, para a comissão, perder a adesão do responsável da Junta?
MA – Se ele abandonar a comissão, fico triste e tenho consciência de que a comissão ficará mais pobre. Até porque Álvaro Amaro é uma pessoa com alguma experiência política nestas coisas. Mas se isso acontecer, garanto que nos esforçaremos para que as coisas andem para o bem de Pinhal Novo. Por isso mesmo o calendário aprovado na reunião de dia 24 é para cumprir. Assim, temos já marcadas reuniões com a população, no dia 14 deste mês a comissão vai reunir para analisar e proceder a algumas correcções, sempre necessárias, ao projecto, no dia 21 iremos apresentar o projecto á população e no dia 23 o projecto irá ser entregue aos grupos parlamentares que, posteriormente farão seguir o documento para apreciação governamental, a par dos projectos de Fátima e de Vizela.
- Entrevista de Etelvina Baía