Falta de uma ETAR é o maior problema de Setúbal
Um relatório efectuado pela empresa Áqua, a pedido da autarquia setubalense, no âmbito da criação do Plano Municipal de Ambiente – um projecto inédito a nível nacional – diz que um dos mais graves problemas do concelho reside na ausência de tratamento das águas residuais.
O estudo preliminar, a que o “Setúbal na Rede” teve acesso, para além de referir problemas ambientais relacionados com a perda de água, através das redes de consumo e dos perigos de contaminação do aquífero por salgamento, indica ainda que a percentagem de população que não é servida pelo sistema de tratamento de águas residuais é preocupante, tanto mais que os números podem até ser maiores, tendo em conta que “algumas ETAR`S do concelho ou não estão a funcionar ou têm deficiências de funcionamento.”. O mesmo documento refere ainda que se trata de “uma situação ambientalmente inaceitável e uma das primeiras causas para a poluição das linhas de água e do estuário do rio Sado.”
O vereador do pelouro do ambiente, na Câmara de Setúbal, e um dos principais intervenientes no futuro Plano Municipal de Ambiente, já confirmou ao nosso jornal os indicadores avançados pelo estudo preliminar. Mota Ramos disse ao “Setúbal na Rede”que “de facto a falta da ETAR é um dos nossos maiores problemas, acreditamos que isso traz algumas consequências de ordem ambiental mas não tantos como se poderá pensar. Isto porque as descargas orgânicas no rio Sado são facilmente diluídas e o facto do rio, deste lado da cidade, não ser utilizado pelas pessoas, ajuda bastante. Admito que existam problemas ao nível das praias, nomeadamente na Albarquel, que por estar mais perto da cidade, recebe os efluentes não tratados, para além de algumas descargas de indústrias e da agricultura.” Mas os problemas ambientais, derivados da falta de tratamento das águas residuais têm os dias contados, adianta o vereador Mota Ramos. Isto porque a tão esperada ETAR, cujo projecto continua em Bruxelas para aprovação e financiamento, poderá chegar a breve prazo. De acordo com Mota Ramos “já nos pediram alguns esclarecimentos, agora vamos mandar a resposta e esperamos que o assunto fique resolvido o mais depressa possível.”
Miguel Maldonado, presidente da Quercus de Setúbal e membro do Conselho Consultivo do Plano Municipal de Ambiente, já reagiu ao resultado do estudo preliminar. Em declarações ao “Setúbal na Rede”, Miguel Maldonado confirma que “a falta de tratamento das águas residuais constitui mesmo um dos maiores problemas ambientais do concelho, reflectindo-se na qualidade de vida das populações, no estuário do Sado pela contaminação da fauna e flora do rio. Tudo isto, a que se juntam as descargas da agricultura e das indústrias, tem levado a uma assustadora diminuição dos exemplares de várias espécies estuarinas.”Apesar de considerar preocupante a actual situação ambiental do concelho, o presidente do Núcleo de Setúbal da Quercus acredita que o recém criado Plano Municipal de Ambiente possa vir a contribuir para a resolução de muitos desses problemas “apontando caminhos no sentido da implantação de uma política ambiental para o concelho.”