Arrábida vai ter Reserva Marinha
O Conselho de Secretário de Estado aprovou, na semana passada, o diploma que cria a Reserva Marinha da Arrábida, uma zona de oceano cujos recursos naturais ficam protegidos por lei. A ideia é prolongar a área de reserva natural, correspondente à Arrábida, alargando-a até ao mar. O conteúdo do diploma, que terá de ser sujeito à aprovação do Conselho de Ministros especialmente dedicado aos oceanos (previsto ainda para este mês), é o resultado de dois anos de trabalho dos técnicos e especialistas do Parque Natural da Arrábida, responsáveis pelo levantamento das espécies de fauna e flora marinha a proteger. Um estudo que contou com a ajuda de técnicos de diversas universidades portuguesas.
A aprovação do documento deixa o director do PNA satisfeito, já que para Ricardo Paiva esta medida “significa a concretização de uma aspiração, quer do Parque quer do Instituto de Conservação da Natureza, de lançar a Zona de Reserva Marinha em 1998, altura em que se comemora o Ano Mundial dos Oceanos”.
Em entrevista ao “Setúbal na Rede”, Ricardo Paiva adiantou que “o próximo passo será o arranque do processo administrativo e legal que levará à definição das áreas a proteger, existindo já algumas ideias para isso. Sem querer adiantar qualquer fronteira, temos a consciência de que a zona de Reserva Marinha deverá ficar delimitada entre o Portinho da Arrábida e, provavelmente, a zona marinha de Sesimbra”. Este responsável adiantou ainda ao nosso jornal que a ideia “não é proibir a pesca e as actividades desportivas naquela zona, mas sim regulamentar a sua utilização tendo em conta a necessidade de proteger toda a área faunística do coberto de água da Arrábida. Será mais uma forma de gestão dos recursos naturais marinhos, com a ajuda da população.”
A aprovação do diploma também satisfez os ambientalistas de Setúbal. Em declarações ao “Setúbal na Rede”, Miguel Maldonado, presidente do Núcleo regional da Quercus só lamenta que “a decisão tenha surgido tão tarde, numa altura em que boa parte dos recursos daquela zona, com um ecossistema único, poderão até nem existir. Lembro-me dos imensos crimes que, ao longo dos anos, se cometeram contra aquelas zonas da Arrábida (entre elas a pesca por arrasto) e é por isso que acredito na perda de alguns dos recursos marinhos. No entanto, também acho que mais vale tarde que nunca e até acredito que esta reserva possa vir a significar uma boa gestão dos recursos, para bem de todos.” O dirigente dos ambientalistas de Setúbal avisa ainda que “agora é necessário criar regras para a utilização e exploração daqueles espaços protegidos, regras que, para além de respeitadas, terão de ser compreendidas pelos utilizadores, quer sejam os pescadores quer sejam os turistas, pois a protecção dos recursos naturais é, acima de tudo, uma questão de educação ambiental.”