[ Edição Nº 06 ] – CRÓNICA DE OPINIÃO por Humberto Daniel.

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por Humberto Daniel (Dirigente do Partido Socialista)

Uma educação ao serviço de Portugal


          Devido às sucessivas alterações introduzidas no sistema de ensino em Portugal, vivemos hoje uma situação que ao menor protesto, o sistema é posto em causa.            Vivemos num país com as limitações que são conhecidas. Não podemos por essa razão querer ter condições como que de um país rico se tratasse.            Portugal não se pode dar ao luxo, infelizmente, de querer que o nível de formação académica do seu Povo seja o da licenciatura.            Encontradas as necessidades, deve o Estado definir o número de vagas a quem proporciona gratuitamente, em troco de determinado período de trabalho, a sua licenciatura.            O País tem a obrigação de dotar os seus Jovens de uma formação geral de qualidade que, tendo em atenção o mercado de trabalho, lhes proporcione saídas profissionais.            Quando falo na formação geral de qualidade, estou-me também a referir aos necessários apoios de ordem social que os mais carenciados têm obrigatoriamente que ter, por forma a que a igualdade de acesso e de oportunidades não seja posto em causa.            Não basta dizer-se que todos podem ter acesso, deve-se exigir que o nível de acesso aos conhecimentos não seja diferenciado apenas pelo facto de não se residir numa zona central e/ou urbana, pelo facto de não nascer no seio de uma família de nível cultural e académico superior ou pela simples razão da família não possuir meios que possibilitem outro tipo de acessos à informação.            Para que a igualdade de acesso e de oportunidade seja um facto devem os estabelecimentos de ensino, por todo o País, ter o mesmo nível de qualidade, seja ela ao nível das instalações, de equipamentos, do corpo docente e do pessoal auxiliar.            Admito, compreendo e aceito que um qualquer Jovem queira ter um melhor nível de conhecimentos. Estamos perante um desejo individual, pelo que individualmente deve ser suportado.            Não podemos continuar a assistir ao sistemático aparecimento de novos cursos, muitos deles de duvidosa qualidade e sem aplicação prática alguma.            Não podemos continuar a assistir, sem nada fazer, a um aumento contínuo de Jovens licenciados sem qualquer expectativa de emprego, sem estimulo, sem preparação para o mercado de trabalho, sem perspectivas de futuro.            Aproxima-se o momento das grandes decisões, a classe politica – a qual me orgulho de pertencer – não pode continuar a adiar tomadas de posição que, quanto mais tarde tomadas mais dificilmente serão compreendidas, mais dificilmente serão aceites.