Edição Nº 27, 06-Jul.98
Santo André inaugurou melhorias
no Centro de Recuperação de Animais Selvagens
Fundado em 1991, pelas mãos de ambientalistas ligados ao grupo Lontra, no concelho de Sines, o Centro de Recuperação de Animais Selvagens viu inauguradas, no dia 4 de Julho, as melhorias efectuadas no recinto. A inauguração marcou o início de um novo ciclo naquele centro, visto que as obras foram efectuadas na sequência de uma parceria criada entre a Quercus, da qual fazem parte os membros do grupo Lontra, entretanto extinto, a Junta de Freguesia de Santo André e o ICN, Instituto de Conservação da Natureza.
“A inauguração justifica-se pelo facto de termos finalizado um conjunto de obras destinados à ampliação dos meios de recuperação de animais selvagens”, entre eles três câmaras de muda, uma área para lavagem de animais com crude, um armazém de comida, duas jaulas para tratamento de mamíferos e uma gaiola para aves aquáticas.. Quem o diz é Francisco Ferreira, presidente da associação ambientalista Quercus, em, declarações ao “Setúbal na Rede”, no final da cerimónia de assinatura do protocolo entre a associação, a Junta de Freguesia de Santo André e o ICN, que decorreu nas instalações do centro, com vista à gestão e utilização daquela infra-estrutura de acolhimento de animais selvagens.
Satisfeito com o protocolo assinado com a Junta de Freguesia e o Instituto de Conservação da Natureza, o proprietário do edifício, Francisco Ferreira garante que o centro e os cerca de 10 voluntários ambientalistas “estão habilitados a receber e a tratar os animais feridos ou doentes que aqui recebemos, todas as semanas” oriundos das mais variadas zonas do sul do país, “com o objectivo prioritário de os curar e devolver à Natureza”. Questionado sobre a importância do Centro para Animais Selvagens, Francisco Ferreira garantiu ser “fundamental a sua existência, por torna-se necessário uma estrutura deste tipo”, suportada pelo Estado e pela sociedade civil, “para conseguir dar resposta aos pedidos que nos têm surgido ao longo dos últimos anos, para tratar e recuperar diversas espécies animais, feridas pela caça ou doentes devido à poluição”.
Actualmente as instalações comportam cerca de três dezenas de animais em recuperação, desde águias a falcões e mochos, sendo que desde 1991, altura em que iniciou a actividade, já passaram pelo centro 442 animais selvagens doentes ou feridos. Para Francisco Ferreira, “a inauguração deste centro significa também o resultado do trabalho entre os organismos do Estado e a sociedade civil”, pelo que o considera um “exemplo a seguir em todo o país, já que se sabe da necessidade da criação de mais estruturas deste tipo”.
Mas as aspirações do presidente da Quercus não ficam por aqui no que toca à protecção da Natureza no concelho de Sines, e por isso voltou a referir a necessidade de “classificar a Lagoa de Santo André como zona de Reserva Natural”. Questionado pelo “Setúbal na Rede” sobre as razões do atraso verificado na classificação, já que os projectos e estudos obtiveram a aprovação do Governo, Francisco Ferreira foi peremptório em dizer que “só falta vontade política”. É que, para o dirigente dos ambientalistas “o Ministério do Ambiente tem outras prioridades” relacionadas com a classificação das zonas do Tejo internacional. Mas apesar de também defender essa classificação, o presidente da Quercus considera que a Lagoa de Santo André “também é uma prioridade e, por isso, deve ser classificada de imediato como área de Reserva Natural”.
Etelvina Baía