Edição Nº 29, 20-Jul.98
Câmara de Sesimbra quer gerir a Lagoa de Albufeira
A Câmara Municipal de Sesimbra defende a criação de um grupo de trabalho, sob a direcção da autarquia, para a gestão e conservação da Lagoa de Albufeira. A ideia é ter autonomia para desassorear a lagoa sempre que haja necessidade, cuidar do ordenamento da zona e gerir o local. A ideia surgiu em Março, quando a edilidade voltou a ter dificuldades em fazer com que o Instituto de Conservação da Natureza, ICN, procedesse à abertura da lagoa ao oceano.
A reivindicação da Câmara de Sesimbra foi transmitida em 19 de Março à direcção do Instituto de Conservação da Natureza, através do presidente da autarquia, Amadeu Penim, e do vereador do pelouro do ambiente, Manuel José Pereira, durante uma reunião para pressionar o ICN a abrir a lagoa ao oceano. Mas apesar da “boa recepção que esta ideia teve, parece ter caído em saco roto, pelo menos nos meses seguintes”, garantiu ao Setúbal na Rede o assessor do presidente da autarquia para as questões da lagoa, Alexandrino Oliveira. No entanto o rumo dos acontecimentos terá vindo a alterar-se cerca de um mês depois, por ocasião de um segundo encontro com o ICN sobre a reabertura da lagoa, tendo em conta que nessa altura o instituto, tutelado pelo Ministério do Ambiente “mostrou muito interesse na concretização da nossa proposta”, sendo que no momento “as duas entidades estão a estudar a melhor maneira de estabelecer um acordo sobre a matéria”, acrescenta.
Pelas contas da autarquia, “se tudo correr bem, poderemos ter um acordo válido já para a próxima época balnear”, referiu Alexandrino Oliveira que adiantou ao Setúbal na Rede algumas das ideias da edilidade sesimbrense para “devolver a lagoa à população. E para evitar o que “corra o risco de apodrecer pelo facto de não estar ligada ao mar”, como aconteceu este ano por ter sido aberta apenas em 18 de Junho, a autarquia quer dirigir a criação de um gabinete, envolvendo a Câmara e o IPIMAR, Instituto Português de Investigação das Pescas e do Mar, para além de outras entidades como o Ministério do Ambiente e as associações ambientalistas, no sentido de proceder “atempadamente” aos trabalhos de desassoreamento da lagoa (que deveriam ser efectuados todos os anos em meados de Março), de modo a permitir a renovação das águas e a desova das espécies piscícolas que ali nidificam. Neste projecto, ainda em fase embrionária, a autarquia sesimbrense quer que a lagoa permaneça aberta durante cerca de 10 meses por ano, como forma de permitir a renovação constante das águas, defende o ordenamento da área envolvente, a promoção turística da zona e a reconstituição das festas populares, desaparecidas há cerca de 30 anos, que presidiam à reabertura daquele espaço natural.
Com esse objectivo, a autarquia vai dar início aos contactos com “os mais velhos do concelho, que se lembram dos festejos”, no sentido de reconstituir “esta tradição da terra, cujas origens já se perderam no tempo”, adianta Alexandrino Oliveira. Da lista de entidades a contactar, constam as associações e grupos culturais de Alfarim, do Meco e das Caixas, “precisamente os que há mais de 30 anos promoviam aquelas festas”, que a Câmara considera importantes do ponto de vista cultural e turístico.