[ Edição Nº 29 ] – Lati cria Centro Comunitário.

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barra-7967050 Edição Nº 29,   20-Jul.98

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Liga dos Amigos da Terceira Idade cria Centro Comunitário

           Vinte e quatro anos depois de lançada a primeira pedra no auxílio aos idosos da Freguesia de São Sebastião, em Setúbal, a Liga dos Amigos da Terceira Idade, LATI, resolveu lançar um projecto denominado Centro Comunitário du Bocage. A ideia é aumentar a capacidade dos serviços e alargar o âmbito da liga aos adolescentes. Sertório Herrera, presidente da direcção, diz que o projecto envolve verbas na ordem de um milhão de contos, sendo a maior parte financiada por um programa comunitário e por um programa nacional.


          Setúbal na Rede – Quando é que surgiu a ideia de construir este centro comunitário?
          Sertório Herrera
– A ideia tem muitos anos, tantos quantos a própria instituição que nasceu de um grupo de mulheres que começaram a prestar apoio domiciliário a idosos. Essa ajuda deu origem à LATI que conseguiu abrir instalações para internamento de idosos e de apoio domiciliário, num edifício pré fabricado. Portanto, digamos que este centro sempre foi o nosso sonho, agora ainda mais porque estamos também virados para os mais pequenos. Criámos um serviço de ATL, actividades de tempos livres, e para que ele abarcasse mais crianças, no ano passado conseguimos novas instalações. Mas os pedidos e as necessidades desta zona da freguesia são muitas e, como instituição particular de solidariedade social, consideramos que devemos ajudar ainda mais. Para além disso, com esta ampliação, vamos criar mais 140 postos de trabalho.

          SR – Que utentes irá servir este novo centro?
          SH
– É um serviço que nos vai permitir o aumento do número de utentes de todas as idades. Ou seja, na área para idosos vamos prestar apoio ao domicílio a cerca de 80 pessoas, no Centro de Dia, vamos ter capacidade para o dobro dos utentes que temos actualmente, em termos do Lar vamos conseguir aumentar a capacidade para 50 pessoas, e vamos criar uma nova valência chamada Lar Temporário. Esta será destinada a idosos que, por uma razão ou outra, precisem de estar no Lar por curtos períodos de tempo. Na área das crianças vamos ter uma creche familiar, com capacidade para 48 utentes. Trata-se de dar corpo a uma ideia anterior e que diz respeito às amas. Ou seja, vamos fazer cursos de formação para formar amas e, posteriormente serão seleccionadas algumas para acolherem as crianças, em casa. A creche em moldes tradicionais funcionará aqui, no novo centro, e terá capacidade para 35 crianças, o jardim de infância verá a capacidade aumentada para 74 utentes e o ATL para 120.
          SR – Este projecto traz inovações, ou trata-se apenas de uma mudança de espaço físico?
          SH
– Há inovações, especialmente no que toca à creche familiar, que ainda não tínhamos, ao lar temporário e a um serviço que iremos chamar “Área de Jovens”. Trata-se de uma oportunidade de darmos continuação ao trabalho que temos vindo a fazer com os mais pequenos que, até agora, tinham que sair aos 12 anos. Com esta nova valência poderemos acompanhá-los até aos 18, se quiserem participar nestas áreas de CTL, Centros de Tempos livres. Esta será mais uma forma de tentar evitar que eles caiam nas malhas da marginalidade, como, infelizmente, temos visto fazer a muitos dos que cá estiveram. Esta área para adolescentes terá diversas actividades e, com a ajuda de técnicos, poderá ser gerida pelos próprios jovens. Pretende-se que seja como que um complemento à escola e que aqui estejam nos períodos em que não tenham aulas. Vamos ainda criar um Observatório Social, ou seja, um grupo de trabalho com técnicos desta área, para fazer um estudo socio-económico da população da área abrangida. A ideia é detectar os problemas das famílias e tentar ajudá-las ou encaminhá-las na resolução desses problemas.
          SR – O Centro Comunitário é financiado na totalidade ou também coube uma fatia dessas despesas à LATI?
          SH
– A área para idosos foi financiada pelo programa Pilar (Projecto Idosos em Lar) do Ministério da Solidariedade e o das crianças foi ao abrigo de um programa comunitário. Os custos totais rondam um milhão de contos e nós teremos de encontrar 100 mil, que é a nossa parte da despesa. E como não temos esse dinheiro porque somos uma entidade sem fins lucrativos, vamos ter de apelar à boa vontade das entidades.
          SR – Uma dessas entidades é a Câmara de Setúbal?
          SH
– Sim, a Câmara é nossa parceira neste projecto, já nos resolve o problema dos terrenos e, agora, esperamos que nos ajude a encontrar os 100 mil contos que faltam. Para além disso temos apelado aos beneméritos de Setúbal, estamos a fazer iniciativas culturais para angariar dinheiro e, com tudo isto, estou convencido que vamos conseguir obter o dinheiro.
          SR – Quando é que prevê a entrada em funcionamento deste novo centro?
          SH
– Se tudo correr dentro dos prazos previstos, e tendo em conta que o projecto já está praticamente pronto, esperamos que em meados do ano que vem o centro esteja a funcionar em pleno e a servir mais de 700 utentes desta zona da cidade de Setúbal.

Entrevista de Etelvina Baía     

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