Edição Nº 29, 20-Jul.98
CRÓNICA DE OPINIÃO
por Rui Paixão (coordenador da União de Sindicatos de Setúbal)
O emprego / desemprego no distrito de Setúbal
Que medidas ?
A questão do desemprego é, sem sombra de dúvida, o problema social mais grave do distrito. Mais de 44 mil desempregados inscritos no IEFP é o patamar em que se tem mantido o número de desempregados, numa altura em que é constantemente alardeado o crescimento da economia portuguesa, o seu maior crescimento em relação à média comunitária e as perspectivas de assim se manter.
Ou seja “em período de vacas gordas” o desemprego no distrito desceu 0,5 – 1%, mantendo-se no patamar atrás referido, o que levanta a questão preocupante sobre o que acontecerá quando “as vacas ficarem magras”.
Hoje, poucos são os que contestam, que o problema é estrutural, embora quando se trate de discutir as medidas necessárias para o combater, quase todos “esquecem” a natureza e as causas do problema. Vem isto a propósito do Plano Nacional de Emprego e das Redes Regionais para o Emprego recentemente criadas com toda a pompa e circunstância. O Plano Nacional de Emprego (ou os planos nacionais de emprego) são uma decisão da Cimeira do Luxemburgo realizada o ano passado, que mais uma vez aprofundou a contradição entre a decisão a nível europeu das políticas económicas e macro-económicas e a decisão no plano meramente nacional da resposta aos problemas do desemprego.
Contradição que não é nova, já que em 92 se afirmava que “o mercado é a única força motriz para criar emprego” e em 1998, repete-se o mesmo discurso com algumas ligeiras nuances.
Entretanto, o número de desempregados na Europa aumentou para 18 milhões. As Redes Regionais de Emprego inserem-se no pilar da Empregabilidade, conceito institucionalizado na Cimeira do Luxemburgo, que pretende responsabilizar o desempregado, e só ele, pela resolução da sua situação e assim….combater-se o desemprego. É assim, que no Plano Nacional de Emprego, no seu Pilar I – Melhorar a Empregabilidade, se juntam a um conjunto de programas já existentes ( em relação aos quais ninguém sabe responder à pergunta de quantos desempregados, já empregou) com alguns novos.
De entre eles o INSERJOVEM e o REAGE, são os mais propagandeados, mas que constam apenas e só “de uma metodologia de acompanhamento integral dos jovens/dos adultos desempregados para a inserção profissional que terá um desenvolvimento em zonas piloto” e um acompanhamento das Redes Regionais.
Muita parra, para pouca uva.
O jovem ou o adulto desempregado irá ser “acompanhado”, alguns deles passarão por uma acção de formação, os outros, por uma medida adequada para favorecer a sua integração profissional…..e já está.
Entretanto, no Distrito, multiplicam-se as situações da Sodia, da Gestnave, da Torralta e o patamar do desemprego mantém-se. Mais uma vez, as causas não são tidas em conta, e temos um Plano Nacional de Emprego, que nem uma única vez aborda a defesa do emprego existente, nem a criação de novos empregos, talvez a forma mais eficaz de combater o desemprego. Mas estamos no pelotão da frente, temos um Plano Nacional de Emprego como os outros países da União Europeia, e estamos todos preocupados em combater o desemprego.
Estaremos ?!