[ Edição Nº 29 ] -António Vieira, presidente da Junta de Freguesia do Castelo.

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barra-2975087 Edição Nº 29,   20-Jul.98

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Praias de Sesimbra com maus acessos
Queixa-se o Presidente da Junta de Freguesia do Castelo

           A maior parte das praias do concelho de Sesimbra fazem parte da área geográfica da Freguesia do Castelo, numa extensão que tem vindo a crescer graças ao incremento do turismo balnear. Por isso, o presidente da Junta, António Vieira diz que está na altura de criar acessos e estacionamentos junto às praias, de modo a oferecer melhores condições aos milhares de turistas que as visitam durante o Verão.


          Setúbal na Rede – Que tipo de praias estão inseridas na área geográfica da Freguesia do Castelo?
          António Vieira
– Temos a maioria das praias do concelho de Sesimbra, como a dos Lagosteiros, a do Meco, a de Moinho de Baixo, a praia da Foz, a Bica, a da Cova e a Lagoa de Albufeira. Todas elas são praias de águas oceânicas e a maioria delas são semi-selvagens.

          SR – Alguma destas praias tem bandeira azul?
          AV
– Sim, o Meco e o Moinho de Baixo, porque têm excelentes condições, quer de qualidade da água quer da areia, para além de serem concessionadas, o que lhes dá mais condições para acolher os turistas.
          SR – O caso da preservação da Lagoa de Albufeira continua por resolver?
          AV
– Sim, ela tem de ser aberta ao oceano, todos os anos pela mesma época e quando isso não acontece começa a degradar as suas condições. São problemas entre a Câmara e o Ministério do Ambiente que devem ser sanados porque senão, quem paga é a lagoa e toda aquela área envolvente.
          SR – Quanto às outras praias, acha que deveriam ser criadas condições para acolher melhor os veraneantes?
          AV
– Sim, porque isso seria uma mais valia para Sesimbra, no que diz respeito ás questões do turismo. Mas, para além de querer vê-las ordenadas e com o mínimo de condições no que respeita aos apoios de praia, gostaria que todas elas tivessem acessos e estacionamentos à altura porque nem mesmo as que têm concessão conseguem ter estes benefícios. Isto porque os acessos às praias de Sesimbra continuam a ser, ou de terra batida, ou com estradas velhas que não oferecem qualquer segurança. Para além disso, nem uma tem estacionamentos decentes para comportar tanto turista.
          SR – Sendo Sesimbra uma das zonas mais apetecidas pelos turistas , esses problemas não deviam ter sido já resolvidos?
          AV
– Sem dúvida, mas aqui o problema é que são muitas praias e obras como estas levam muito dinheiro e tempo. Para além disso, melhores acessos significa uma carga humana muito maior nessas zonas, e se essa questão não for bem pensada poderá trazer muitos problemas ambientais. A questão é que, para além desses acessos teríamos de educar as pessoas no sentido de preservar aquilo de que vão usufruir. Ou seja, seria um projecto acompanhado de acções de educação ambiental para evitar a destruição destas praias que, como disse, são quase todas semi-selvagens. Mas esses acessos nunca poderiam ser de terra batida porque a maior parte destas praias são em encostas da serra, o que quer dizer que, durante o Inverno, essas vias de comunicação acabariam destruídas. Portanto, quer os acessos quer os estacionamentos são obras que todos sabemos serem fundamentais para as praias em causa. No entanto acho que devemos ir com calma, fazer um de cada vez para evitar ‘mamarrachos’ como o que temos na Quinta do Conde, onde até hoje ninguém se entende sobre a forma de resolver o caso.
          SR – A Junta tem feito sentir essas necessidades junto das entidades competentes?
          AV
– Sim, mas as coisas demoram como sempre, quando se trata de assuntos delicados e que envolvem diversas competências. No entanto, não deixo de dizer que temos uma óptima relação com a autarquia pelo simples facto de que lá, as pessoas ouvem-nos. E o mesmo posso dizer em relação à Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra.
          SR – No entanto, a Junta queixa-se de que tem poucas hipóteses de intervir nas áreas onde pretende.
          AV
– Sim, mas isso tem muito a ver com a maneira como o poder central e local ainda vê as Juntas de Freguesia. Ou seja, ainda não temos força porque não temos capacidades financeiras para isso. Andamos sempre dependentes das ‘migalhas’. Mas acredito que, se não for de uma maneira é de outra e dou-lhe um exemplo. Há uns tempos a Junta quis mandar fazer acessos à praia dos Lagosteiros mas elas custavam 6 mil contos e isso tirou-nos logo as ilusões. No entanto, parece-me que vamos arranjar maneira de resolver isso, através de protocolos com entidades oficiais e não oficiais, no sentido de nos ajudarem a construir esses mesmos acessos. Portanto, se a coisa não for de uma maneira, vai de outra…
          SR – O que é que a Freguesia do Castelo tem para oferecer aos turistas, para além das praias?
          AV
– Nós oferecemos uma população diversificada, que vai desde pescadores a agricultores, embora desde há alguns anos se note que a população está, cada vez mais, a optar pelos serviços, na área da hotelaria. É o que faz termos tantos turistas que, no Verão chegam a ser três vezes mais que o número de habitantes da zona. A Freguesia oferece ainda a beleza da Serra da Arrábida e da Área Protegida, a gastronomia e o artesanato, para além do património arquitectónico que vai desde o santuário do Cabo Espichel às pegadas de dinossauros, passando pelo castelo e pelos palácios do Calhariz e de Sampaio. A juntar a tudo isto, temos muita animação cultural, a diversos níveis, promovida pela autarquia durante os meses de Verão.

Entrevista de Etelvina Baía     

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