Edição Nº 29, 20-Jul.98
Acordo de Empresa na Torralta
Trabalhadores querem rever valores no final do ano
Depois de cerca de três meses de negociações, a administração da Torralta e a Comissão de Trabalhadores chegaram a acordo no dia 16 de Julho quanto à assinatura do Acordo de Empresa e aos valores dos aumentos salariais. Joaquim Pires, da Comissão de Trabalhadores está relativamente satisfeito e garante que os valores serão renegociados no final deste ano. O Acordo de Empresa para o corrente ano, pelo qual se regulam os trabalhadores da Torralta e a administração do complexo turístico, foi assinado na semana passada, depois de oito reuniões consecutivas sem chegar a consenso. O acordo baseia-se nas linhas mestras do anterior, quanto aos direitos dos trabalhadores, mas este ano foi introduzida uma alteração que diz respeito à polivalência. Ou seja, a lei aprovada há dois anos passou a ser consignada como princípio nos termos do acordo.
Uma novidade que “não vai alterar nada” garantiu ao “Setúbal na Rede”, o sindicalista Joaquim Pires porque “isto já estava consignado nas relações laborais”, e para além disso, acrescenta esta responsável “é uma boa forma de trabalhar, desde que salvaguarde a especificidade de cada trabalhador e se respeite a sua categoria profissional”. Para isso basta que “nos dêem as contrapartidas necessárias”, ou seja, “se uma pessoa é utilizada numa função superior à que habitualmente desempenha tem de ser paga consoante essa nova categoria”.
Uma outra novidade neste acordo, diz respeito ao prémio anual para os trabalhadores que não tenham faltas injustificadas. Um prémio fixo que poderá chegar a metade do ordenado de cada funcionário. A medida agrada a Joaquim Pires que a considera benéfica para os cerca de 200 funcionários da Torralta, em Tróia. Mas a satisfação do dirigente sindical com a lei da polivalência no trabalho e com os prémios anuais não é extensiva aos aumentos salariais obtidos este ano.
É que, contra as perspectivas dos trabalhadores, que exigiam cerca de 18% de aumento, os salários foram actualizados em cerca de 6%, o que significa “a reposição do poder de compra perdido desde 1994, altura em que tivemos a última actualização”. Mas apesar de admitir que este aumento “é um princípio no caminho da reposição do poder de compra que os nossos salários perderam”Joaquim Pires garante que este número está longe do que os trabalhadores pretendem alcançar. Por isso os trabalhadores da Torralta preparam-se para, no final do ano, darem início às reivindicações sobre o Acordo de Empresa para 1999. Aí, segundo Joaquim Pires, os salários “vão mesmo ter de ser aumentados consideravelmente, sob pena dos nossos ordenados não darem para viver”. O salário médio de um trabalhador da Torralta, ronda os 90 a 100 contos.