[ Edição Nº 29 ] – Justo Tomaz já tem potenciais sucessores.

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barra-2694299 Edição Nº 29,   20-Jul.98

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Justo Tomaz já tem potenciais sucessores
Assembleia Geral do clube para esta semana

           A Assembleia Geral Extraordinária do Vitória de Setúbal vai realizar-se na próxima quarta-feira, no Fórum Municipal Luísa Todi. Pela parte da SAD – Sociedade Anónima Desportiva, a Assembleia Geral só deverá ser marcada para finais de Agosto, como assumiu Soares Feio, presidente do órgão, que referiu não encontrar razões para uma antecipação. Até lá Justo Tomaz continua como presidente em exercício, apesar do pedido de demissão, da sua dupla função. Entretanto perfilam-se já os nomes dos dois prováveis sucessores. Mário Martins Pereira, responsável pelo futebol juvenil, para a presidência do clube. E Carlos Pésinho, administrador na área do marketing e relações públicas, para o comando da SAD.           A anunciada demissão de Justo Tomaz, presidente da SAD/VFC, surgiu numa altura em que um grupo de sócios do clube sadino apresentou um requerimento ao presidente da mesa da Assembleia Geral, Mata Cáceres, para a realização, com carácter de urgência, de uma reunião magna de associados, para análise da actual situação em que o clube se encontra e tomada de posição. O documento em questão invocava o artigo 48º dos Estatutos, e correu em estabelecimentos comerciais de diversos vitorianos.           Mário Picoto Flores, o primeiro signatário, conseguiu então o número de assinaturas necessárias para a convocação de uma Assembleia Geral Extraordinária, que, dada a gravidade da situação que o clube atravessa, com dois meses de ordenados em atraso e com jogadores em risco de rescindir os seus vínculos contratuais, não constitui grande surpresa.

          Este grupo de associados, na sua maioria ex-dirigentes do clube do Bonfim, põe em causa diversos aspectos da gestão de Tomaz ao longo dos anos em que o passivo do clube ascendeu ao milhão de contos. O líder sadino nunca teve uma gestão consensual e nos últimos meses os sinais de contestação tornaram-se mais evidentes. A venda de terrenos onde estava instalado o campo de treinos e a não apresentação dos relatórios e contas nos prazos fixados pelos estatutos do clube, 31 de Março, foram algumas das “gotas de água” para estes sócios.

          A decisão de Justo Tomaz veio colher de surpresa jogadores e administradores da SAD que afirmaram desconhecer os motivos desta tomada de decisão. Com efeito, na altura, a notícia vinda a público através da comunicação social parece ter surpreendido todos os responsáveis pelo clube sadino. Soares Feio, presidente da Assembleia Geral de Accionistas da SAD, revelou-se bastante surpreendido e algo desapontado, dizendo lamentar a situação, apesar de reconhecer o direito a Justo Tomaz de resolver abandonar os destinos do clube.

          “Esta não era a melhor altura para uma eventual saída”, revelou, por seu lado, Paula Costa, confessando-se descontente pelo presidente da SAD não ter efectuado uma reunião com o objectivo de dar a conhecer aos membros da administração a sua decisão, quanto a si uma questão de ética. “E só depois falaria para os jornais, por respeito às pessoas que trabalharam com ele”, critica. A administradora da SAD, representante da Câmara Municipal de Setúbal, a primeira accionista da SAD, que adiantou não falar com Justo Tomaz há quase um mês, criticou-o por este “saber perfeitamente que não era a altura ideal para sair do clube, porque um presidente gosta de sair por cima, e nunca numa altura em que as coisas não estão bem definidas e um pouco obscuras”.

          João Gonçalves, vice-presidente do clube sadino, é que não deixou espaço para dúvidas. Solidário com a ideia de Justo Tomaz – de que terminou um ciclo no Vitória de Setúbal – não se mostrou receptivo à possibilidade de o suceder no cargo, apesar de o seu nome ter sido indicado como o sucessor natural. Revelando-se igualmente surpreendido pela notícia, defendeu o eventual presidente demissionário, afirmando que de um Vitória “desregrado e à deriva”, esta direcção conseguiu impor uma política de rigor no clube, dando-lhe “condições para encarar o futuro de forma diferente”. No seu entender, cabe agora à Câmara, como parceiro maioritário que é na gestão da sociedade, a responsabilidade de liderar o processo. Uma ideia que já foi refutada por Mata Cáceres, presidente da Câmara sadina.           Mário Martins Pereira apresenta-se como o nome mais provável para o suceder na direcção do clube. O actual responsável pelo futebol juvenil do Vitória já recebeu o convite por parte de José Luís Resende, o presidente em exercício, mas Mário Pereira ainda não deu qualquer resposta.           Para a SAD, Carlos Pésinho, administrador na área de marketing e relações públicas, é o nome mais falado. De acordo com o próprio ainda não lhe foi dirigido qualquer convite nesse sentido. Antes da Assembleia Geral, que deverá acontecer apenas em finais de Agosto, Justo Tomaz continuará como presidente da SAD em exercício até que a AG da sociedade aceite a sua demissão. O que deverá acontecer.

Eduardo Marino     

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