Edição Nº 37, 14-Set.98
Na comemoração do 11º aniversário
Popular FM apresenta um pacote de pedidos
A Popular FM, rádio local do Pinhal Novo, comemorou a 3 de Setembro a passagem do décimo primeiro aniversário da formação da cooperativa que lhe dá forma, a Som do Pinhal Rádio, com uma sessão solene no dia 11 onde foram distribuídos pedidos por todas as entidades presentes. José Carlos Sousa, o presidente da direcção da Popular FM, foi directo nas palavras durante a intervenção de abertura da sessão solene de comemoração do décimo primeiro aniversário da rádio, dirigindo questões concretas às pessoas indicadas.
O primeiro pedido foi logo direccionado para a presidente da Câmara Municipal do Montijo, concelho a que pertence o alvará de rádio utilizado pela Popular e onde está, por isso, instalada a antena de emissão. Com vista a uma melhor cobertura dos concelhos de Palmela e Montijo, nomeadamente da localidade de Canha, José Carlos Sousa disse a Maria Amélia Antunes que era “necesserário chegar a entendimento para se dobrar o tamanho da antena” ao que a presidente viria a garantir que “falta apenas a discussão à volta da mesa com vista a sistematizar o processo de colocação da antena na Atalaia, um dos ponto mais altos da margem sul”, deixando também claro não haver nenhuma “má vontade” por parte da edilidade montijense e acrescentando que a rádio bem merece que se encontre uma solução para a questão da antena, de uma forma que lhes permita um auditório mais vasto”.
O segundo pedido foi relativo à necessidade de mudança de instalações e dirigido a Carlos de Sousa, presidente da Câmara Municipal de Palmela, que deixou a garantia de que “tudo se fará, dentro das capacidades financeiras, para conseguir responder aos objectivos da rádio”, realçando na sua intervenção a importância do projecto, que pode contribuir muito para “o fortalecimento do espírito regional”, aproveitando a ocasião para elogiar as virtudes da regionalização.
Por último foi dirigido ainda um apelo ao Governo no sentido de que seja concedido às rádios locais algum apoio financeiro com vista à reconversão tecnológica, nomeadamente para fazer face aos investimentos que a nova lei da rádio vai impor, designadamente com a obrigatoriedade da alteração de frequência dos links entre os estúdios e os emissores. José Carlos Sousa deixou ainda o desabafo de que “as rádios não podem continuar a ter só deveres e já é altura de haver também alguns direitos”.
José Faustino, presidente da Associação Portuguesa de Rádios, viria mesmo a afirmar que “as rádios são os parentes pobres dos órgãos de comunicação social”, exemplificando com o facto de o Estado despender cerca de 3,5 milhões de contos por ano para o porte dos jornais e as rádios terem ainda de pagar licenças para transmitir, o que classificou como “uma desigualdade tremenda”. Nesse sentido, José Faustino defendeu que a Secretaria de Estado da Comunicação Social suportasse a 100% a aquisição de equipamento para a nova frequência de links, um valor estimado em cerca de mil contos e que no total das rádios não ascenderia acima dos cem mil contos.
À falta da presença do secretário de estado Arons de Carvalho, ausente na Áustria mas representado por dois acessores, através dos quais enviou uma mensagem onde realçava “a ligação das rádios locais às populações”, coube a Alberto Antunes, governador civil do distrito de Setúbal, deixar a garantia de que existe “uma nova filosofia e uma nova mentalidade no Governo” com vista a inverter a tendência que, segundo reconheceu, tem privilegiado os jornais às rádios, visto que estes “já estavam instalados antes de aparecer o fenómeno das rádios locais”. Alberto Antunes anunciou ainda que, no decorrer da campanha para o referendo à regionalização, “o ministério vai envolver as rádios locais para a mobilização dos eleitores”.