Edição Nº 40, 05-Out.98
Governador Civil e autarcas do distrito são unânimes
Setúbal ficou a ganhar com a realização da Expo’98
Apesar de apontarem algumas lacunas no aproveitamento global das potencialidades do distrito para captar os visitantes da Expo, todos os políticos e autarcas garantem que a Expo’98 influenciou de forma positiva a economia do distrito. O primeiro a afirmá-lo é o Governador Civil de Setúbal que até nos pontos negativos encontra benefícios. Alberto Antunes considera importante que essas lacunas tivessem sido detectadas para que possam ser combatidas no futuro.
“A realização da Expo’98, em Lisboa, foi de uma enorme importância para o distrito de Setúbal”. Quem o diz é o Governador Civil de Setúbal, Alberto Antunes, que fez para o “Setúbal na Rede” um primeiro balanço dos impactos da exposição mundial nos concelhos do distrito de Setúbal.
Segundo o representante do Governo, no distrito, a Expo 98, que fechou as portas no dia 30 de Setembro, “teve um impacto muito positivo em Setúbal, muita gente escolheu a nossa zona para pernoitar e isso fez com que a capacidade hoteleira esgotasse e, consequentemente, a economia da região foi revitalizada”.
Alberto Antunes refere ainda que se tratou de uma boa prova das capacidades do sector turístico da região que “respondeu de imediato ao desafio, através da criação de propostas de animação para captar os turistas da Expo’98, do reforço das suas capacidades e da melhoria da qualidade dos serviços prestados aos visitantes”.
Mas apesar da influência positiva da Expo que, para Alberto Antunes “fez acordar o sector hoteleiro”, o Governador Civil não enjeita as lacunas existentes na oferta turística e que vieram à tona com a realização da exposição mundial. É o caso da fraca vida nocturna, particularmente no concelho de Setúbal, o que segundo Alberto Antunes, “terá levado a que muitos turistas se fixassem aqui durante pouco tempo”.
Por isso o Governador Civil defende que “depois de detectado este problema, há que desenvolver esforços para o ultrapassar, dotando Setúbal com mais animação e vida nocturna, de maneira a que todos os turistas que cá venham, tenham vontade de ficar mais tempo e de cá voltar nas férias seguintes”.
O presidente da Associação de Municípios do Distrito de Setúbal, AMDS, Carlos de Sousa, é da mesma opinião embora considere que a Expo’98 tenha sido um acontecimento de expressão nacional. Quanto aos impactos dos 13 municípios que a AMDS representa, Carlos de Sousa afirmou ao “Setúbal na Rede” que os impactos da exposição mundial no distrito foram “muito positivos, porque, para além de terem revitalizado o sector turístico e, em muitos casos, as economias locais, foi uma excelente forma de divulgar as enormes potencialidades de cada um dos nossos concelhos junto de milhares de turistas portugueses e estrangeiros”.
O balanço positivo de Carlos de Sousa aponta também para pequenos prejuízos referentes à menor afluência de visitantes às tradicionais festas e feiras realizadas um pouco por todo o distrito, durante a realização da exposição mundial. Segundo o presidente da AMDS, “houve menor afluência de visitantes em alguns certames porque as pessoas preferiam a Expo’98, mas isso não constituiu problema grave e, na contagem geral a balança continua a pender para o nosso lado”.
Mas apesar de estar satisfeito com este primeiro balanço, Carlos de Sousa admite que os resultados poderiam ter sido melhores se não se tivessem verificado algumas “falhas estratégicas”. E segundo o presidente da AMDS, essas falhas relacionaram-se precisamente com a falta de alternativa às noites da Expo’98.
Quem ainda não tem opinião formada é o presidente da Região de Turismo da Costa Azul, Eufrázio Filipe que, na sequência dos contactos feitos pelo “Setúbal na Rede” para um primeiro balanço, fez saber que recusa falar de imediato sobre o assunto e que remete uma resposta para mais tarde, quando tiver recebido e analisado toda a documentação sobre a matéria.
Explosão de crescimento
Fidélio Guerreiro, o presidente da Associação Empresarial da Região de Setúbal, AERSET, diz-se satisfeito com os efeitos da exposição mundial em Setúbal mas sempre vai lembrando que a Expo’98 foi um acontecimento de âmbito nacional e que por isso “à partida não se esperariam muitas consequências para Setúbal”. Em declarações ao “Setúbal na Rede”, o dirigente dos empresários da região considera que “o distrito ficou a ganhar com a Expo’98 porque viu a economia crescer graças aos visitantes” mas adianta que a maior vitória terá sido a rentabilização dos potenciais humanos e naturais da região que classifica de “demonstração do grande poder e da força de todos temos e que, desta vez, colocámos ao serviço do distrito”.
Na contagem geral, quem parece ter retirado mais dividendos da realização da Expo’98 foram os concelhos do Montijo e de Alcochete que, a avaliar pelas contas dos respectivos presidentes de câmara, estes dois municípios terão sofrido uma autêntica explosão económica. Miguel Boieiro, o presidente de Alcochete disse ao “Setúbal na Rede” estar orgulhoso pelo facto do concelho ter “conseguido rentabilizar todos os benefícios que nos foram apresentados” e deu como exemplo a proximidade da Expo’98, que pelo facto de se encontrar do outro lado da ponte, “levou a um enorme fluxo de turistas”. Mas para este responsável, “se não tivéssemos uma enorme oferta e não estivéssemos preparados para criar incentivos e atractivos turísticos, essa vantagem teria servido de pouco”.
Outro dos benefícios que a Expo’98 trouxe a Alcochete, segundo Miguel Boieiro, “foi a ponte Vasco da Gama, cuja construção esteve intimamente ligada à realização da exposição mundial”, adiantou o presidente que referiu ainda ter sido este um dos mais importantes factores de crescimento do concelho.
Maria Amélia Antunes, presidente da Câmara do Montijo, tem a mesma opinião sobre o concelho que dirige e garantiu mesmo ao “Setúbal na Rede” que “só pelo facto do Montijo ser ter evidenciado por causa da nova ponte e pela procura turística, é suficiente para mostrar as evolução que o concelho sofreu nos últimos tempos”.
Uma evolução que a autarca diz ter continuidade, já que para Amélia Antunes,“o Montijo ganhou nome e estrutura suficiente para se projectar definitivamente”.
Embora não tenha verificado tantos impactos económicos, o concelho de Setúbal também faz um balanço positivo da influência da Expo’98. De acordo com o vereador do pelouro do Turismo, Duarte Machado, “a hotelaria esgotou as capacidades e restaurantes não tiveram mão a medir”. Mais uma vez, os pontos negativos dizem respeito à fraca animação nocturna e, no caso de Setúbal, segundo contou ao “Setúbal na Rede” o vereador Duarte Machado, “constatou-se também uma deficiente iluminação pública, o que significa menos segurança e menos atracção para os visitantes”.
Um problema que Duarte Machado quer ver resolvido rapidamente, pelo que já solicitou a ajuda do presidente da autarquia. É que o vereador do Turismo garantiu ao “Setúbal na Rede” que tem por objectivo imediato “preparar convenientemente Setúbal para receber os turistas que a procuram e cativar os que não nos conhecem”.