Edição Nº 40, 05-Out.98
Associação cultural Laitau
Quer recuperar canoa do Sado
A associação cultural Laitau, que se dedica à reabilitação do património histórico de Setúbal, quer recuperar a canoa de sacada, uma das mais típicas embarcações do rio Sado que transportava o pescado das traineiras para terra. A embarcação desapareceu há décadas quando, por altura da construção do porto de Setúbal, os pescadores passaram a descarregar o peixe na doca. A ideia da associação é ‘ressuscitar’ mais um dos fragmentos da história de Setúbal, tal como aconteceu com a reconstrução do Hiate (um outro barco típico do Sado), em cuja recuperação a Laitau também esteve envolvida.
A novidade foi avançada ao “Setúbal na Rede” pelo presidente da associação, Celso Santos garantindo que a intenção é “recuperar um pouco da vivência dos pescadores do Sado, que é também muita da história de Setúbal”.
A embarcação servirá para representar a cidade de Setúbal em diversos eventos nacionais e internacionais mas devido à sua reduzida dimensão não poderá vir a efectuar passeios ou visitas turísticas. Os projectos vão arrancar este ano e de acordo com as contas da associação a canoa de sacada poderá navegar no Sado em meados de 1999, sendo que no ano seguinte deverá integrar uma exposição náutica em França onde irá representar a cidade de Setúbal.
A reconstrução que deverá ser feita nos estaleiros de Sarilhos Pequenos, no Montijo, onde foi reconstruído o Hiate de Setúbal, está orçada em cerca de cinco mil contos. Uma despesa que a associação espera ver comparticipada por diversas entidades públicas e privadas do concelho, tendo em conta que a obra é positiva porque “estamos a recuperar a memória do nosso povo”, garantiu Celso Santos.
E por considerar esta embarcação um dos mais importantes ex-libris do rio Sado e da faina dos homens da borda d’agua, a direcção da associação Laitau decidiu não perder tempo e dar início, já este mês, a um conjunto de investigações com o intuito de recolher elementos sobre a embarcação.
Uma tarefa que poderá revelar-se particularmente difícil já que segundo Celso Santos, “não restam vestígios físicos desta embarcação”. Para se documentarem, estes responsáveis vão recorrer à memória dos antigos pescadores de Setúbal, a documentos escritos sobre a embarcação e a uma maqueta da canoa, efectuada pela oficina de artesanato Hiate, que se dedica à manufactura de miniaturas de barcos típicos do Sado.