Edição Nº 40, 05-Out.98
Comunistas do Montijo acusam a Câmara
De estar de costas voltadas para a população
A Comissão Política Concelhia do PCP do Montijo acusa a presidente da autarquia socialista, Maria Amélia Antunes, e o próprio PS, de estarem “contra a população do Montijo”. Em causa, segundo os comunistas montijenses, estará um conjunto de medidas tomadas pela autarquia socialista que o PCP considera “contra os interesses da população”.
A decisão autárquica de “deixar construir mais um grande espaço comercial” nos terrenos da antiga fábrica da Mundett, é dada pelos comunistas como um exemplo da gestão montijense. Para Luís Piçarra, da Comissão Política Concelhia do PCP, “a decisão, que poderá esmagar o comércio local, foi tomada sem ouvir os pequenos comerciantes”.
Em declarações ao “Setúbal na Rede”, este dirigente do PCP do Montijo acusa ainda a autarquia socialista de incumprimento do pagamento das horas extraordinárias e compensações aos funcionários da Câmara, e aconselha a presidente do município a “não transferir para o Sindicato da Administração Local, aquilo que são competências dos seus serviços, ou seja, a melhor forma jurídica de resolver as dívidas”.
Ainda de acordo com o comunista montijense, “verifica-se uma ausência de medidas para combater os impactes negativos da ponte Vasco da Gama”, medidas que segundo Luís Piçarra, “cabe ao poder local assumir, com vista ao imnvestimento e progresso do concelho”.
O facto da autarquia ter aprovado a mudança do cais fluvial de passageiros para o Seixalinho merece a crítica dos comunistas que dizem que “a autarquia não teve em atenção o facto da população ter rejeitado tal proposta”.
Para além disso, o PCP critica o facto da presidente da Câmara, Maria Amélia Antunes não ter participado na Assembleia de Freguesia de 11 de Setembro, onde se rejeitou a decisão de mudar o cais fluvial. Ainda segundo Luís Piçarra, “a presidente ofendeu órgão eleitos ao deixar subentendido, na Assembleia Municipal, que a decisão da Assembleia de Freguesia teria sido manipulada”.
“PCP devia ter vergonha”
A presidente da Câmara Municipal do Montijo rejeita todas as acusações dos comunistas montijenses e garante que são “infundadas e sem sentido”. Em declarações ao “Setúbal na Rede”, a presidente Maria Amélia Antunes afirma que não ofendeu ninguém e desafia o PCP a prová-lo.
A presidente socialista do Montijo vai mais longe e garante ao “Setúbal na Rede” que “apesar de não ter ofendido ninguém, se alguém se sentiu ofendido, façam o favor de usar os meios legais para limpar o seu bom nome”. E a autarca montijense chega mesmo a lançar o repto: “desafio o PCP a fazer isso porque as instâncias oficiais são para isso mesmo e, por outro lado, se não o fizer é porque não passam das jogadas habituais dessas pessoas”.
Quanto às críticas tecidas à gestão camarária, afirma que “o PCP devia ter vergonha do que disse porque enquanto cá esteve nunca fez nada”. A autarca garante que “é vergonhosa a declaração sobre a Mundett porque eles já se esqueceram de que, quando foram poder, aprovaram um projecto superior a 3.500 metros quadrados no centro da cidade e, em contrapartida, este nem é no centro e nem sequer chega aos 3 mil metros quadrados”.
Para além disso, considera que “o projecto tem um conjunto de contrapartidas” contrariamente ao que diz ter acontecido durante a gestão CDU da Câmara, que caracteriza de “absolutamente ruinosa”.
Quanto às alegas dívidas da autarquia aos trabalhadores, Amélia Antunes garante que “surgem precisamente da gestão comunista, que não lhes pagou o que devia” e que, mesmo que a actual gestão queira resolver o problema “não podemos, porque existe um impedimento legal que nos impede de o solucionar”.
No que se refere às medidas exigidas pelo PCP para esbater eventuais impactes negativos da nova travessia do Tejo, Amélia Antunes afirma que “é tudo mentira porque a ponte trouxe impactos positivos, fez crescer o concelho e deu-nos outras oportunidades económicas”.
Às críticas sobre o facto de não ter participado na Assembleia de Freguesia, Amélia Antunes responde que “enquanto presidente da Câmara não o posso fazer, já que só participa quem foi eleito para esse órgão autárquico”.