Edição Nº 42, 19-Out.98
Professores europeus reunidos em Setúbal
Para discutir os casos de interrupção nos estudos
A descontinuidade na aprendizagem deve deixar de ser vista como um problema administrativo mas sim de uma forma pedagógica. Foi esta a principal conclusão a que chegaram os 28 professores de várias nacionalidades reunidos na Escola Superior de Educação de Setúbal para debater as causas e a melhor forma de combater a interrupção da frequência escolar.
Os coordenadores portugueses deste projecto aproveitaram o facto de o seminário se realizar nesta cidade para, “através de visitas a escolas, pôr os convidados a par da realidade da educação em Portugal e mais concretamente na cidade de Setúbal”, como explicou ao Setúbal na Rede o professor Jorge Pinto, da E.S.E.
Segundo Jorge Pinto a ideia de acolher este seminário em Setúbal surgiu por se “pensar que seria um tema inovador que valia a pena discutir e não por ter especificamente a ver com a realidade de Setúbal, embora também aqui se encontrem algumas situações de descontinuidade na aprendizagem”. O seminário permitiu aos professores discutir o tratamento que deve ser dado aos alunos que interrompem os estudos, nomeadamente os filhos de pais com profissões itinerantes, como os feirantes. O fim do tratamento administrativo que se preocupa apenas com a justificação ou não das faltas foi considerada uma das prioridades neste âmbito. Neste encontro estiveram presentes professores de doze países europeus que vão agora tentar relacionar os conhecimentos adquiridos nesta área com a prática pedagógica que cada um exerce no seu país, não tendo estas conclusões qualquer carácter decisório. A discussão centrou-se também em temas como a desigualdade e exclusão social, integração e inclusão no meio escolar, e a melhor forma de tornar a escola eficaz para todos.
Este seminário proporcionou ainda aos seus participantes uma oportunidade para reconhecerem e reflectirem as formas de exclusão vividas por alunos que experimentaram períodos de interrupção na frequência escolar e reflectir sobre as respostas positivas que podem ser desenvolvidas para assegurar que a escola seja realmente para todos.