[ Edição Nº 43 ] – Protocolo para recuperação do Convento de Jesus em Setúbal.

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barra-1434945 Edição Nº 43,   26-Out.98

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Convento de Jesus vai ser recuperado
Obras arrancam no início de 1999

           O Convento de Jesus, um edifício quinhentista que representa o ex-libris da cidade de Setúbal, vai ser recuperado através do IPPPAR, Instituto Português do Património Arquitectónico, e da Câmara Municipal de Setúbal. A assinatura do acordo foi efectuada no dia 25 de Outubro, em Setúbal, e presidida pelo ministro da Cultura, Manuel Maria Carrilho.           Depois de cinco anos de impasse, devido a desentendimentos de ordem técnica entre o Conservador do Museu e o arquitecto responsável pela recuperação do edifício, a Câmara de Setúbal conseguiu chegar a acordo com o IPPAR, que detém a propriedade daquele património histórico, para o início das obras de recuperação do Convento de Jesus que se encontra em estado de degradação.

          O acordo, assinado no dia 25 entre as duas entidades, irá permitir a abertura de um concurso público para a realização do projecto de recuperação e para a efectivação das obras de restauro, obras que embora ainda não tenham sido contabilizadas, deverão custar largos milhares de contos. É apenas uma questão de números que não preocupa o ministério da Cultura, garantiu ao “Setúbal na Rede” o presidente do IPPPAR, Luis Calado, que refere que a “importância que o Governo dá à cultura traduz-se também na disponibilização do que for necessário para preservar o património nacional”.

          E as garantias de Luis Calado vão mais longe, tendo em conta que segundo este responsável, “começarão em Fevereiro do próximo ano todas as pequenas obras necessárias ao Convento”, obras que ficarão a cargo do próprio IPPAR e que se prendem com rebocos e caiação, reparação de caixilhos e portas, limpeza de terraços e algumas demolições.
          No acordo firmado entre as duas partes, fica ainda determinado que a Câmara de Setúbal será a responsável pela instalação, dinamização e manutenção do Museu da Cidade, instalado numa das dependências do Convento. A assinatura do documento deixou satisfeito o presidente da Câmara, Mata Cáceres que o considerou histórico e um ponto de partida para o fim dos problemas com que Setúbal se vinha debatendo nos últimos anos e que, de acordo com Cáceres “sempre preocupou os setubalenses e a autarquia”.

          Fonte Nova protesta
          A visita do ministro da Cultura a Setúbal foi aproveitada pelos actores e directores do Fonte Nova Teatro Estúdio, um grupo de teatro amador que há cerca de 13 anos anima Setúbal, para a apresentação de um pedido. É que, depois dos problemas criados pela ordem de despejo ao Círculo Cultural de Setúbal, a associação que acolhe o grupo de teatro, dada pelo senhorio e legitimada pelo Tribunal de Setúbal, a companhia não tem para onde ir e teme que mais dia menos dia tenha de abandonar as instalações.

          E como os apelos já efectuados junto de diversas entidades, entre as quais a autarquia, “não surtiram qualquer efeito”, os actores dirigidos por José Maria Dias – o director da companhia – decidiram tomar a iniciativa de interpelar o ministro da Cultura, Manuel Maria Carrilho, bem como o presidente da Câmara e todos os convidados da cerimónia de assinatura do protocolo sobre o Convento de Jesus, para “alertar quem de direito para o facto da companhia estar em perigo”.

          A afirmação é do director do Fonte Nova, José Maria Dias que entregou ao ministro um documento com o pedido da companhia para uma nova sede, que garante ainda “continuar à espera da reunião com o presidente da Câmara que nos prometeu resolver o assunto”.
          Uma garantia que, segundo o director da companhia, terá sido dada em Fevereiro deste ano, “mas que até agora não deu qualquer fruto”, lamenta José Maria Dias que refere a urgência do pedido de ajuda pois “devemos abandonar as instalações em breve, tendo em conta que o senhorio já não aceitou a renda do mês de Novembro”.

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