Edição Nº 43, 26-Out.98
Por causa da co-incineração
José Manuel Palma deixa cargo na Quercus
Os órgãos sociais da associação ambientalista Quercus foram a votos no dia 24 de Outubro, tendo os sócios decidido aceitar por maioria a lista candidata à liderança da Assembleia Geral. De fora ficou José Manuel Palma, que até à data presidia àquele órgão representativo dos sócios, tudo por causa das posições do fundador da Quercus, que é ao mesmo tempo consultor da Scoreco e responsável pelo Estudo de Impacto Ambiental sobre co-incineração em cimenteiras.
A marcação da Assembleia Geral Extraordinária deveu-se à necessidade de definir caminhos e resolver “uma situação incompatível com aquilo que a Quercus defende”. A notícia foi avançada ao “Setúbal na Rede” por Miguel Maldonado, o dirigente do Núcleo de Setúbal da Quercus que também faz parte da direcção nacional da associação ambientalista.
E essa situação referia-se precisamente à permanência de José Manuel Palma na presidência da Assembleia Geral, numa altura em que se assume como um dos defensores da co-incineração e da provável instalação do sistema na Sécil do Outão.
Uma ideia defendida por José Palma e que Miguel Maldonado garante ser legítima, mas que “significava para a Quercus uma situação insustentável”. Isto porque, de acordo com o dirigente local da Quercus, as ideias de Palma representam tudo aquilo que os ambientalistas rejeitam.
Para além disso, desde que o fundador da Quercus surgiu associado à Scoreco, a empresa formada pela Sécil e pela Cimpor para estudar a questão da co-incineração, que a direcção da Quercus diz sentir que a associação tem sido alvo de desconfiança de diversos sectores da sociedade, o que, segundo Miguel Maldonado, “fez surgir uma grande necessidade de clarificar as coisas”.
Uma clarificação que de acordo com este responsável, “também era sentida por José Manuel Palma” que na Assembleia Geral Extraordinária terá aceite “com muita responsabilidade” o seu afastamento da liderança da Quercus, adiantou Miguel Maldonado.
José Manuel Palma foi substituído no cargo pelo tesoureiro, João Gabriel Silva e as mudanças provocadas por esta lista única levaram Maria Lurdes Angelo à vice presidência. Para além disso, adianta Miguel Maldonado, estas eleições terão levado “à continuidade de muitos dos dirigentes e à aposta em gente nova”,.
Com um mandato de um ano, os dirigentes da Assembleia Geral da Quercus, considerada a mais prestigiada organização ambientalista do país, estão já a pensar numa reflexão sobre o futuro e apontar baterias para os desafios do ano 2000.