[ Edição Nº 46 ] – Cidadãos de Setúbal nas ruas contra co-incineração.

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barra-2961285 Edição Nº 46,   16-Nov.98

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Cidadãos de Setúbal saíram à rua
Contra a co-incineração de tóxicos na Arrábida

           Durante a manhã de dia 14 de Novembro, algumas artérias da cidade de Setúbal encheram-se de gente em protesto contra a possibilidade dos resíduos tóxicos virem a ser co-incinerados na Secil. A manifestação encabeçada por dezenas de motoqueiros em representação dos Clubes de Motards do Barreiro e de Setúbal, foi promovida pelo grupo de Cidadãos pela Arrábida.

          Durante cerca de duas horas consecutivas, os manifestantes oriundos dos mais diversos partidos políticos, associações ambientalista e associações cívicas, pararam o trânsito na Avenida Luísa Todi para protestarem contra a co-incineração na Secil, na Arrábida. É que, segundo Mariano Gonçalves, membro da Comissão Executiva dos Cidadãos pela Arrábida, “não se compreende como é que se pode, sequer, equacionar esta possibilidade”.

          Convicto de que a Serra da Arrábida “deve ser preservada de qualquer perigo”, este grupo de cidadãos enviou uma queixa ao Tribunal Europeu contra o que classifica de “tentativa de violação das leis que protegem o ambiente e uma área que é património da humanidade”.
          Gritando palavras de ordem como “Arrábida sim, lixo tóxico não”, os manifestantes atravessaram a zona central da cidade e concentraram-se frente ao Governo Civil para procederem à entrega de uma moção. O documento foi aceite por José Manuel Epifânio, adjunto do Governador Civil de Setúbal, já que Alberto Antunes se encontrava fora da cidade.
          Depois de receber o documento, que será posteriormente enviado à ministra do Ambiente, o adjunto de Alberto Antunes garantiu que “o Governo está preocupado com a situação dos lixos tóxicos espalhados pelo país, que comprometem a qualidade de vida dos cidadãos”. Considerando que o Governo está disponível para reciclar o que for possível, Epifânio não deixou de referir a necessidade de avançar para a co-incineração como forma de tratar os lixos não recicláveis. Até porque, segundo este responsável, “de acordo com as garantias dos técnicos, não é poluente e ajuda a diminuir a poluição que já existe”.           Mas apesar das garantias oficiais, os cidadãos prometem ‘voltar à carga’ com iniciativas de sensibilização da opinião pública que se prolongarão até ao dia 23 de Novembro, altura em que termina o período de consulta pública do Estudo de Impacte Ambiental. Os ambientalistas da Caprosado também prometem não baixar os braços e garantem que até ao próximo dia 23 vão continuar a desenvolver iniciativas em todo o concelho, que vão desde debates a manifestações públicas de desagrado quanto à co-incineração na Arrábida.           No concelho do Barreiro, para onde está prevista a implementação da estação de pré-tratamento dos resíduos tóxicos, prosseguem as contestações à proposta governamental. A recusa parece atravessar todos os sectores da sociedade, já que todos os partidos políticos, associações, sindicatos, estudantes e até a própria autarquia, têm saído à rua para protestarem contra a implementação daquele equipamento na Quimiparque. E os protestos são extensíveis à localização na Arrábida, pelo que na manifestação de dia 14, estiveram presentes políticos do Barreiro, nomeadamente dirigentes da UDP e do PCP, que já prometeram continuar os protestos até dia 23.

          E cerca de um mês depois da aprovação de uma moção contra a proposta governamental, a Câmara Municipal e a Assembleia Municipal do Barreiro vão dar a conhecer, nesta segunda-feira, um conjunto de acções públicas a desenvolver, como forma de protesto contra a instalação do equipamento considerado poluente, no centro da cidade do Barreiro.

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