Edição Nº 51, 21-Dez.98
Último carregamento de escórias já partiu
Prosseguem análises à água e aos solos
O último dos treze carregamentos de escórias de alumínio partiu no dia 14 de Dezembro do Porto de Setúbal, depois de vários anos de depósito nos terrenos da Metalimex, em Vale da Rosa. A ministra do Ambiente, Elisa Ferreira, assistiu a este último carregamento e garante que prosseguem agora as análises às águas subterrâneas e aos solos, não tendo sido, até agora, encontrados indícios de contaminação. Este último carregamento de escórias com destino à Alemanha acaba com o depósito destes resíduos nos terrenos da Metalimex, sendo agora necessário verificar se existe ou não contaminação e, em caso de esta se confirmar, proceder à descontaminação do local.
Terminado o transporte das escórias, fazem-se agora contas aos gastos de toda esta operação. No total foram gastos “um milhão e setecentos mil contos, com as despesas a ser divididas entre o Estado português e o suíço”, conforme garantiu a ministra do Ambiente, que assistiu a este último carregamento das escórias. Quanto à possibilidade de os responsáveis pela importação das escórias poderem vir a indemnizar o Estado, a ministra adiantou apenas que este tudo fará “para ser ressarcido dos gastos que está a fazer com a remoção das escórias”.
Elisa Ferreira garantiu ainda que os resultados até hoje encontrados “não indiciam qualquer tipo de contaminação”. Ouvida pelo “Setúbal na Rede”, Carmen Francisco, do Grupo Parlamentar d’Os Verdes, diz que apesar do “requerimento ao ministério do Ambiente feito ainda antes do Verão”, Os Verdes não têm ainda “conhecimento de nenhuns resultados”, não tendo obtido até hoje “nenhuma resposta do ministério acerca deste assunto”.
Carmen Francisco sublinha ainda que “apesar de algum atraso, o que importa é que as escórias finalmente saíram dos terrenos da Metalimex”. A partir do momento em que se descobriram as escórias, Os Verdes pediram a “monitorização de toda a área, dos solos às águas subterrâneas para ver se há contaminação”. Carmen Francisco garante que o seu partido vai manter-se atento para que esta seja “uma monitorização séria com resultados credíveis”.
As escórias de alumínio foram importadas pela Metalimex da Suíça entre 1987 e 1990. Em 1991, o Governo de então decidiu-se pela reexportação dos resíduos. A Junta de Freguesia do Sado, onde estão localizados os terrenos da Metalimex, foi uma das entidades que mais lutou pela retirada das escórias daquele local. Eusébio Candeias, Presidente da Junta de Freguesia, fez questão de falar pessoalmente com a ministra do Ambiente aquando da retirada das escórias para lembrar que “o problema não acaba aqui”. Eusébio Candeias falou ainda ao “Setúbal na Rede” do “desaparecimento da Metalimex” e da postura dos responsáveis da empresa que “nunca quiseram que os resíduos daqui saíssem e insistiam no tratamento chegando mesmo a pôr o Ministério do Ambiente em tribunal”. Após anos de protestos e negociações entre os governos de Portugal e da Suíça, as escórias acabam por abandonar o nosso país apesar do atraso de cerca de um ano na remoção dos resíduos uma vez que estaria prevista a total retirada das escórias no final de 1997. Das trinta e três mil toneladas inicialmente previstas, acabaram por ser transportadas quarenta e quatro mil toneladas de escórias para a Alemanha para descontaminação, com posterior reenvio para a Suíça, de onde eram originárias.
Este atraso na remoção das escórias foi explicado por Elisa Ferreira pela existência de “maior quantidade de resíduos do que inicialmente se previa” e por “dificuldades de armazenamento por parte da empresa alemã que faz o tratamento, o que impediu o processo de ter a celeridade desejada”.
Questionada também relativamente à co-incineração, Elisa Ferreira afirmou que “tudo o que o Ministério está a fazer é no sentido de limpar o país”. A ministra do Ambiente defendeu que a co-incineração é “um processo de qualificação ambiental” e que o que é perigoso “é que resíduos como estas escórias de alumínio estejam por aí espalhados pelo país”.