[ Edição Nº 52 ] – CRÓNICA DE OPINIÃO por Amílcar Malhó.

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barra-5208314 Edição Nº 52,   28-Dez.98

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CRÓNICA DE OPINIÃO
por Amílcar Malhó (Jornalista da Área Empresarial)

Comércio Tradicional também “chora” no Natal

           Durante todo o ano, os comerciantes, ou melhor, grande parte dos comerciantes do chamado comércio tradicional, choram os maus resultados da sua actividade. É verdade que, mesmo no tempo em que as coisas corriam melhor, por hábito, os comerciantes lamentavam-se do pouco dinheiro que entrava na caixa, embora os bancos não reclamassem do muito que lhes entrava nos cofres. Outros tempos.           Hoje, talvez para dar menos trabalho, as empresas da chamada grande distribuição, ou seja, dos hipermercados, criam bancos. E empresas de telecomunicações para vender telemóveis. E fazem promoções que oferecem telemóveis, que consomem períodos, que geram receitas, que vão para o banco, etc., etc., etc..           Parece confuso, mas não é. É apenas diferente, a forma de fazer comércio hoje.           E nem vale a pena falar das compras por computador, ou por catálogo. As diferenças vão continuar a surgir, cada vez mais rapidamente e ao gosto do cliente. Rima, e é verdade.           O mais difícil é acompanhar as transformações que se geram ao nível do comportamento dos consumidores, eles próprios com dificuldades em acompanhar o que lhes é proposto.           A época natalícia continua a ser o período de maior consumo. A análise económica, dura e friamente, revela mesmo que é nesta altura que mais se compra. Agora, tal como dantes.           Mas os comerciantes dizem que agora, se vende menos que dantes. E desta vez eu acredito.           Nos bancos já não entram depósitos gordos, mas “papéis” a pedir empréstimos magros, e mesmo assim, difíceis do conseguir.           O Natal já não é o que era dantes. Mas o resto do ano também não.           A solução? Se a tivesse, havia de vendê-la bem vendida, e em vez de estar aqui a escrever estas linhas, estava certamente a fazer compras num dos grandes Centros Comercias dessa Europa. Ou mesmo em Lisboa, que também tem Centros Comerciais grandes e diversificados. Ou mesmo em Setúbal que também tem Centros Comerciais, embora mais pequenos.           Talvez nem tanto, no Centro Comercial que querem fazer na Baixa de Setúbal. Mesmo com cobertura que fecha no Inverno e abre no Verão.           E porquê?           Porque não me agrada barrarem-me a entrada alegando que o relógio está a dar as sete “badaladas”.           Porque por vezes, tenho necessidade de aproveitar a hora do almoço para fazer compras.           Porque por vezes, o trabalho só me permite tempo livre depois do sino bater as sete.           Porque se me apetecer, quero comprar ao domingo, mesmo que isso implique que algumas pessoas tenham que trabalhar ao domingo, o que deve ser óptimo para quem prefere isso, a estar desempregado.           Porque gosto de “boas festas” o ano todo.

          E porque, como já não acredito no Pai Natal, não estou disposto a pagar aqui o dobro do que me pedem ali.

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