Edição Nº 52, 28-Dez.98
Teatro de Animação de Setúbal fez 23 anos
Com muito trabalho e pouco dinheiro
O Teatro de Animação de Setúbal (TAS), assinalou no dia 26 de Dezembro, o seu 23º aniversário, com a realização da peça “O Baile dos Mercadores”, de João Osório de Castro. No final do espectáculo, subiram ao palco dezenas de actores que passaram pelo TAS, e que aproveitaram para falar da companhia e da sua vida profissional. Carlos César, fundador e director do TAS, está satisfeito com os resultados do trabalho desenvolvido ao longo destes anos. Fundado em 1975 pelos actores Carlos Daniel e António Assunção, já falecidos, e por Francisco Costa e Carlos César, o TAS é a única companhia teatral de cariz profissional existente em Setúbal. Por ela têm passado dezenas de actores a caminho da televisão e dos palcos de Lisboa, pelo que a companhia tem sido reconhecida como um ninho de artistas.
Apoiada pela Secretaria de Estado da Cultura e pela Câmara Municipal de Setúbal, a companhia garante que os subsídios estatais deviam ser maiores. É que, segundo o director do TAS contou ao “Setúbal na Rede”, “as coisas corriam melhor se os subsídios correspondessem ao trabalho que fazemos”, até porque as verbas disponíveis “não são compatíveis com ordenados decentes a pagar aos actores, neste momento”.
E o problema é tanto maior quando se sabe que a maioria dos actores vive exclusivamente do que ganha no teatro, à excepção de alguns que acumulam a actividade com os trabalhos na televisão. Mas apesar dos problemas, Carlos César acredita que o futuro poderá ser mais animador, do ponto de vista financeiro, já que o TAS pretende alargar horizontes e trabalhar com outras câmaras, para além da de Setúbal. Para além disso, Carlos César diz manter a esperança de que a companhia, tal como acontece a outros grupos apoiados pelo Estado, passe para um escalão superior de subsídio, o que lhe permitiria receber verbas superiores.
A este propósito, o director do TAS diz mesmo não compreender as razões que levaram a Secretaria de Estado da Cultura a colocar a companhia, tal como as outras companhias convencionadas, num escalão inferior, até porque “não há uma explicação para isso”. Uma “injustiça” que, embora reconhecida, não foi corrigida, adianta o director do TAS.
Questionado sobre o futuro da companhia sem a ajuda da Secretaria de Estado da Cultura, de onde recebeu uma verba para 3 anos e que se extingue em 1999, Carlos César afirma que “se nos tirassem o subsídio, a companhia acabava e eu não trabalharia aqui”. No entanto, Carlos César admite que seria difícil acabar com o TAS, já que a companhia “criou raízes muito profundas e ninguém teria coragem de o fazer”.