[ Edição Nº 102] – CRÓNICA DE OPINIÃO por Heloísa Apolónia.

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Incinerador militar no segredo dos deuses?!

         Foi tornada pública, através de diversos órgãos de comunicação social, a intenção do Governo, através do Ministério da Defesa, de construir e instalar um incinerador destinado à destruição de armamento obsoleto, sendo que o mesmo se localizaria no município de Alcochete, na Fábrica da Pólvora.

O que importa, desde já, é obter com muita urgência confirmação, ou desmentido oficial desta intenção, isto porque o Governo não tem reagido às notícias tornadas públicas. E o facto é que a suspeita continua no ar e não é tolerável que venha depois o Governo apresentar a questão como dado adquirido. É isso que é, para já, preciso evitar, envolvendo, assim, todos no esclarecimento e na exigência de informação sobre esta questão: desde as populações, até aos seus representantes nas autarquias e no parlamento.

Foi precisamente nesse sentido que dirigi, na Assembleia da República, um requerimento aos Ministérios da Defesa e do Ambiente e Ordenamento do Território, colocando directamente a questão de saber se é mesmo real a intenção de construir um incinerador destinado à queima de armamento obsoleto no concelho de Alcochete e, a ser verdade, porque é que a população e a autarquia não foram até hoje ouvidas sobre a matéria.

Gostaria, desde já, de referir que um incinerador desta natureza, destinado à queima de material com componentes perigosos, tem repercussões directas na segurança e na qualidade de vida das populações e é, na minha perspectiva, necessária a realização de Avaliação de Impacte Ambiental, independentemente da sua dimensão, dadas as implicações graves que pode ter sobre as pessoas e o meio ambiente.

Para mais, estamos a falar de um local (Fábrica da Pólvora), que se situa a escassos metros de importantes vias rodoviárias (EN 118 e EN 5) e até de aglomerados populacionais; e estamos a falar de uma região onde confluem ecossistemas muito sensíveis que requerem um estatuto de protecção, não apenas no papel mas de facto.

Importa que todo o secretismo que tem torneado esta questão se desfaça e se clarifique aquilo que está em causa, no sentido de não permitir que as populações sejam depois colocadas perante factos consumados que afectam gravemente a saúde pública.