Edição Nº 103 • 20/12/1999 |
![]() por José Carlos de Sousa (Professor e director da Popular FM) É Natal Com o aproximar do final do ano e com a chegada do Natal, ficamos sempre mais melancólicos, com mais capacidade para perdoar e também para elogiar aquilo que nos rodeia. Não sei se será das luzes de Natal na rua que iluminam a nossa mente e nos deixam mais humanizados, se será mesmo o nosso organismo que de uma forma ou outra está desperto para este tipo de atitude. Atitudes leva-as o vento, mas contudo poderemos sempre vincar as nossas posições pela forma peculiar como resolvemos as situações com aqueles que nos rodeiam. Na passada semana alguns aspectos mereceram a minha particular atenção. Por um lado Macau, com quem nunca tive ligações, tirando os colegas que trabalharam comigo na Direcção Regional de Educação de Lisboa e que me ensinaram como se comia o crepe chinês e com os quais me habituei a beber, pouco, chá às refeições. Mas diz quem lá está agora que tudo está “um brinco” e que é uma pena deixarmos fugir algo que de tanta importância e que foi construído por todos os portugueses, os residentes, e aqueles que mesmo na pátria mãe lá iam dando o seu olhinho para Macau. Por outro lado os professores desempregados fizeram um acampamento à porta do Ministério da Educação, a propósito do já tão falado subsidio de desemprego. Aqui teremos de avaliar as questões de uma forma individual e isenta. Dir-me-ão, esteja você desempregado sem receber qualquer remuneração que logo verá como alimenta os filhos. E aí eu terei que me deter pela forma social como a situação é tratada, contudo nem todos os denominados professores que ficaram sem colocação do tão falado mini-concurso são realmente professores, pois muitos deles são elementos que sem uma licenciatura em ensino ou mesmo sem quaisquer habilitações literárias “dão aulas” na ausência de professores. O ensino precisa de docentes capazes, que se disponibilizem, para de alma e coração, poderem estar nas escolas com vontade para trabalhar com alguma alegria e com os conhecimentos pedagógicos necessários ao seu desempenho. Outro assunto que me ficou na retina prende-se com o desastre da SATA em São Jorge. Dois colegas perderam aí a vida. Um deles, padre, era o presidente da Comissão Executiva da Escola das Flores, o outro meu colega de Educação Física que tinha abraçado os Açores para se efectivar e para levar aos açorianos aquilo que de melhor tinha. Este assunto tocou-me particularmente, porque a primeira escola onde fiquei efectivo foi exactamente em Velas, ilha de São Jorge. O que lhes aconteceu a eles poder-me-ia ter acontecido a mim ou a qualquer outro docente que tivesse viajado para as ilhas. Os incentivos à fixação de professores há muito apregoado, mas que necessita de um grande caminhar no sentido de se conseguirem realmente achar essas escolas, identificá-las e poder contribuir com esses professores para que se sintam realmente compensados. As escolas das ilhas terão forçosamente que fazer parte deste leque de escolas isoladas. Temos professores desempregados, sem subsidio de desemprego, perdemos Macau, nos Açores mais uma tragédia assolou as ilhas e tudo isto em vésperas de Natal… esperemos que o Natal possa trazer outras notícias e que o “bug” do ano 2000 seja superado sem sobressaltos. |