Edição Nº 54, 11-Jan.99
CRÓNICAS DA BEIRA-MAR
por Raúl Oliveira (Jornalista do “Imenso Sul” e
correspondente do Público)
O futuro passa por Sines
Os investimentos previstos para a região de Sines, recentemente anunciados pelos ministros da Economia e do Equipamento, aquando da vista ao Alentejo do Presidente da República, vêm confirmar não só as potencialidades desta sub-região do vasto território, um terço do país, que é o Alentejo, como só as decisões políticas é que podem alterar o futuro de qualquer comunidade. No caso concreto do Alentejo, o que mais se salienta é o de, finalmente, ter havido coragem política de alterar a tendência de continuar a esquecer que as potencialidades da região são suficientes para inverter a migração dos seus filhos para as grandes cidades ou para o estrangeiro, na procura de um futuro que não descortinavam na sua região. Os milhares de postos de trabalho previsíveis nos três grandes empreendimentos de Sines: Terminal de Contentores, Terminal de Gás e Central Eléctrica de Ciclo Combinado, vão provocar a segunda transformação do velho burgo piscatório que Sines sempre foi até à década de 70, com a chegada da actual plataforma industrial, que engloba as refinarias petrolíferas e petroquímicas, respectivamente da Petrogal e da Borealis, bem como a Central Termoeléctrica da EDP e outras unidades. As perspectivas que se perfilam no horizonte, para esta região, em que a transformação as instalações portuárias de Sines num futuro porto de âmbito europeu ou até mundial, tanto assim que um dos potentados do tráfego mundial, o porto de Singapura, está interessado na parceria da exploração do porto de Sines, tem também os seus custos no que respeita à alteração da situação até agora vigente. Curiosamente, a mudança de mentalidades será um dos factores mais em evidência no que concerne ao futuro da região, e não é só com reivindicações irrealistas, como a de um membro da Assembleia Municipal que pretende condicionar o investimento do Terminal de Contentores à manutenção dos actuais pesqueiros localizados no espaço previsto para aquele empreendimento, que se salvaguarda esse futuro.
Vindo de uma força partidária que não tem poupado críticas aos vários governos por alegada falta de investimentos na região, a reivindicação roça o absurdo ou a incoerência.