Edição Nº 54, 11-Jan.99
Associação Democrática de Utentes propõe
Tarifário justo para o comboio na ponte 25 de Abril
A Associação Democrática de Utentes da Ponte 25 de Abril elaborou uma tabela de preços alternativa para a travessia ferroviária da ponte, com propostas que chegam a ser 80% inferiores ao previsto pelo Governo. O documento será entregue no dia 14 de Janeiro, ao assessor para os assuntos sociais da presidência da República e ao ministro do Equipamento, João Cravinho. A Associação Democrática de Utentes da Ponte 25 de Abril decidiu apresentar um novo tarifário para a travessia ferroviária do Tejo, tendo por base a comparação entre os preços praticados pela CP nas três linhas suburbanas de Lisboa (Cascais, Sintra e Azambuja) e os que foram anunciados pelo Governo para a travessia do Tejo, por comboio, a explorar pelo consórcio privado Fertagus.
O dirigente da Associação de Utentes, Aristídes Teixeira, adiantou ao “Setúbal na Rede” que a tabela a apresentar, no dia 14 de Janeiro, tem preços muito inferiores, alguns em cerca de 80%, aos que “o Governo quer impor” a partir de Abril, altura em que o comboio começa a operar.
Segundo Aristídes Teixeira, os indicadores oficiais apontam para viagens “a preços exorbitantes e muito superiores aos praticados nos autocarros”, pelo que considera serem números “dissuasores da utilização do comboio sobre o Tejo”.
Uma situação que diz ser “no mínimo, absurda”, visto que contraria princípio que regeu a instalação da travessia ferroviária na ponte: “a oferta de melhores preços e condições para os cidadãos que, todos os dias atravessam o Tejo para irem trabalhar em Lisboa”.
E a administração central bem pode “argumentar com a qualidade dos serviços que o comboio oferece”, porque segundo este responsável, apesar de quererem “o mínimo de qualidade e de conforto”, o que pesa mais na decisão quanto ao transporte “é o peso que tem no bolso dos cidadãos”.
Apesar de estar convencido de que a travessia ferroviária do Tejo é a alternativa ao transporte rodoviário, “onde as pessoas são maltratadas e onde falta a qualidade e sobra a falta de espaço”, Aristídes Teixeira continua a dizer que “a alternativa é bem vinda, mas se tiver preços acessíveis ao público”.
Por isso, o dirigente da Associação Democrática de Utentes da Ponte quer discutir o assunto com o Governo, antes de Abril, “de forma a termos uma base de trabalho sobre a matéria”, e adianta que “não vale a pena fazê-lo depois”, porque quando o comboio entrar em funcionamento “já o Governo não está disposto a discutir, seja o que for”.