[ Edição Nº 54 ] – Verdes contra a co-incineração.

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barra-6113605 Edição Nº 54,   11-Jan.99

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“Verdes” contra a co-incineração
Acusam Governo de “interesses economicistas”

           A Comissão Executiva Nacional do Partido Ecologista “Os Verdes” esteve reunida, no dia 9 de Janeiro, no Lavradio, onde consideraram a decisão do Governo para os resíduos tóxicos, uma decisão orientada por interesses economicistas sem qualquer preocupação para a saúde pública das populações.           A Comissão Executiva Nacional de Os Verdes, representada por Isabel Castro, de Lisboa, Teresa Neves, de Leiria, José Miguel Pacheco, de Coimbra, e José Luís Ferreira, do Barreiro, analisou os problemas da saúde, acentuados com a greve self-service, a questão da co-incineração nas cimenteiras de resíduos tóxicos e a ratificação do Tratado de Amesterdão, onde não faltaram as críticas à política do Governo.

          Na apresentação das conclusões, Isabel Castro começou por referir que a saúde e a questão da co-incineração nas cimenteiras, são duas situações em que “manifestamente o Governo socialista não tem tido em conta o interessa dos cidadãos”.

          A mesma responsável afirmou que “Os Verdes” classificam a ratificação do Tratado de Amsterdão como um “aspecto negativo e crítico”, justificado pelo facto de este continuar “agarrado a paradigmas ultrapassados que geraram a crise ecológica, a exclusão social e que acentuaram e favoreceram o crescimento de fenómenos de racismo”. Ainda de acordo com Isabel Castro, o mais importante não foi feito, visto que “o Tratado passou à margem dos cidadãos, sem o debate público e sem a consulta dos portugueses”.           Mas o que mereceu uma maior atenção no encontro, foi a questão da co-incineração de resíduos tóxicos nas cimenteiras. Para “Os Verdes” os resíduos industriais, tóxicos ou não, são um problema grave de ambiente em Portugal que deve ser tratado levando em consideração dois aspectos considerados fundamentais para o partido.

          Em primeiro lugar, segundo o partido ecologista, que qualquer escolha e qualquer decisão sobre esta matéria, “seja orientada para a salvaguarda dos interesses das pessoas, da saúde pública e do ambiente”, e em segundo lugar, que o problema seja tratado “com base em estudos credíveis, com o conhecimento real da situação”. Para Isabel Castro, “esta é uma decisão desastrosa do Governo e um atentado para satisfação de interesses economicistas, ou seja, excluindo os interesses dos cidadãos”.

          Nesse âmbito, “Os Verdes” apresentaram um projecto de recomendação, que será discutido na Assembleia da República no próximo dia 20, para que “o Governo suspenda este processo e faça um diagnóstico baseado num conhecimento do que se produz, onde e quando” com o objectivo de se definir uma estratégia nacional para os resíduos industriais, adianta Isabel Castro.

          “O Barreiro pede ensino superior e recebe lixo”

          De acordo com José Luís Ferreira, membro da Comissão Nacional de “Os Verdes”, pelo Barreiro, a vinda da estação de pré-tratamento para a cidade é uma decisão “sem qualquer alternativa”, salientando que “a verdade é que o Barreiro pede ensino superior e recebe do Governo lixo”.
          Confrontado com o facto de ter sido recentemente anunciada a vinda de uma escola de enfermagem para o Barreiro, José Luís Ferreira afirma ser esta uma reivindicação antiga da população, contrariamento ao lixo industrial “que não estava previsto”. Para o mesmo responsável, são questões que devem ser vistas de formas diferentes porque “o Barreiro já justifica o ensino superior” ao passo que, em termos de poluição “já tem aquela que ao longo dos anos a população do Barreiro tem vindo a sofrer”.
          José Luís Ferreira afirma que o partido ecologista tem estado presentes nas manifestações de contestação no que diz respeito á questão da co-incineração dos resíduos industriais perigosos nas cimenteiras e promete que vai “continuar atento” ao evoluir dos acontecimentos.
          Esta Segunda feira, a Comissão Executiva Nacional do Partido Ecologista “Os Verdes”, deslocar-se-á a Maceira, Leiria e Souselas, para analisar o problema, em conjunto com as autoridades locais.

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