[ Edição Nº 56 ] – CRÓNICA DE OPINIÃO por Isabel Almeida Fernandes.

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barra-6775839 Edição Nº 56,   25-Jan.99

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CRÓNICA DE OPINIÃO
por Isabel Almeida Fernandes
(Presidente da Comissão Política Distrital do CDS/PP)

Quotas para quê…

           Surge agora mais uma questão em debate na Assembleia da República que, em meu entender, não só é infundada, como está definitivamente ultrapassada: a questão das quotas para as mulheres.           Do ponto de vista jurídico, a proposta que se pretende apresentar é absurda, uma vez que o princípio da igualdade jurídica, entre homens e mulheres, já se encontra constitucionalmente consagrado.           Também sociologicamente a proposta é aberrante: as estatísticas dizem-nos que as mulheres representam mais de 50% da população nacional. Assim sendo, a aplicação do critério dos 25% traduz-se antes numa redução real do papel das mulheres.           Por outro lado, o facto de se constatar que o sexo feminino está sub-representado na vida política portuguesa, quer ao nível do Parlamento, quer, de um modo geral, na vida político-partidária, não pode ser superado pela aplicação de uma lei.           Com a aprovação do presente projecto, a imagem das mulheres, no futuro, sairá forçosamente abalada: as posições que alcançarem serão sempre imputadas à presente proposta de Lei e não às suas capacidades e méritos intrínsecos.           Face ao exposto, não se vislumbra qual o objectivo a alcançar com a presente lei.           A questão é, na minha opinião, um problema cultural, que só se modificará com o decurso do tempo, a qual, presumo, ocorrerá a curto prazo. Basta verificar o número de mulheres que, actualmente, frequentam o ensino superior e que, inevitavelmente, serão os quadros do futuro.

          Aliás, o distrito de Setúbal é um bom exemplo da representatividade das mulheres na vida política, sem necessidade de adopção de quaisquer quotas artificiais.

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