Edição Nº 56, 25-Jan.99
Co-incineração em cimenteiras
Quercus exige alternativas
A associação ambientalista Quercus quer que o Governo procure alternativas de tratamento dos lixos tóxicos e só admite a co-incineração dos lixos que não tiverem outra alternativa senão o tratamento em cimenteiras. A exigência foi dada a conhecer numa conferência de imprensa, realizada no dia 18 de Janeiro, onde a Quercus avançou com um estudo para o tratamento de alguns dos lixos mais perigosos.
A Quercus garante que, dos milhares de toneladas de lixos industriais tóxicos e perigosos previstos para a queima nas cimenteiras de Souselas e Maceira, alguns poderão ser tratados de outra forma. É o caso dos óleos usados e dos solventes oriundos das indústrias, muitas delas sediadas no distrito de Setúbal, e que segundo Francisco Ferreira, presidente dos ambientalistas, “poderão passar por um processo de regeneração” e voltarem a ser utilizados.
A novidade foi avançada em conferência de imprensa no dia 18, altura em que a Quercus disse ainda considerar a co-incineração em cimenteiras como uma entre várias formas de tratamento, e apenas aplicável aos lixos tóxicos para os quais não seja encontrada alternativa de tratamento.
Questionado pelo “Setúbal na Rede” quanto ao facto desta posição ser divulgada depois de decididas as localizações, Francisco Ferreira diz que, ao longo de todo o processo a posição da Quercus “tem sido esta”, mas agora sustentada com estudos e levantamentos das vários alternativas.
Mas apesar da apresentação destes resultados, Francisco Ferreira não dá os estudos por terminados porque acredita em alternativas para muitos dos outros lixos industriais. Os ambientalistas garantem mesmo estar convictos de que existem várias hipóteses de tratamento para a maioria dos lixos industriais e por isso exigem que o Governo encontre essas alternativas.
Tratamento no Barreiro foi “um processo mal feito”
Em todo este processo, Francisco Ferreira também ‘torce o nariz’ à instalação da estação de pré-tratamento dos resíduos na Quimiparque, no Barreiro. É que segundo avançou ao “Setúbal na Rede” este “foi um processo mal feito e mal conduzido”, tendo em conta que os estudos não previam qualquer tipo de alternativa de localização.
Para além disso, o presidente da Quercus coloca “sérias dúvidas” quanto a esta localização, tendo em conta que existem riscos de instalação e funcionamento, agravados pelo facto de estar numa área urbana densamente povoada.
Mas apesar destes receios, Francisco Ferreira defende que “mais importante que as localizações” é saber de que forma irão ser tratados os lixos, para garantir que “apenas uma pequena quantidade seja co-incinerada”.
Um processo que demorará algum tempo mas que, segundo Francisco Ferreira, se o Ministério do Ambiente tiver vontade de o fazer “terá tempo suficiente” já que o processo de adaptação das cimenteiras e os trâmites legais para o seu licenciamento só deverão estar prontos no ano 2000.