Edição Nº 57, 01-Fev.99
Desconfiados com a oferta de dinheiro à Junta de Santiago
Comunistas de Sesimbra levam o caso à Câmara
Os eleitos do PCP na Assembleia de Freguesia de Santiago, no concelho de Sesimbra, desconfiam das razões que levaram a empresa Tecnogomes, proprietária de um estaleiro naval naquele concelho, a doar 3 mil contos à Junta de Freguesia para arranjos na escola primária. Pelos contornos estranhos do caso e pela contestação que provocou em Sesimbra, os comunistas querem que o problema seja discutido na sessão pública do executivo da autarquia.
O caso “é mesmo estranho” porque a doação dos 3 mil contos foi feita à Junta de Freguesia de Santiago “quando sabemos que o estaleiro está situado numa área pertencente à Freguesia do Castelo”, garante o comunista Joaquim Tavares que afirma desconfiar da intenção da oferta de tal verba.
É que, segundo este responsável, a verba terá sido oferecida à Junta de Santiago “por esta ser socialista, da cor da Câmara”, eventualmente “para comprar a legalidade do estaleiro e garantir que a empresa fica lá mais uns anos”. Depois de duas reuniões para discutir o assunto, a proposta de aceitação da doação acabou aprovada pela maioria PS na Assembleia de Freguesia, com os votos contra e uma moção de protesto dos eleitos comunistas.
Diz ainda Joaquim Tavares que o estaleiro é poluidor, não está legalizado e que, tendo em conta que está quase a concluir as funções para que foi criado – a construção de um barco de pesca – terá de sair do local em breve. Uma retirada que, de acordo com este responsável, a empresa não parece disposta a fazer já que “para além de tentar oferecer dinheiro à Junta, está a usurpar o espaço dos outros estaleiros da zona”. Uma situação que, de acordo com Joaquim Tavares, está a provocar a contestação junto dos armadores de Sesimbra que querem ver o problema resolvido numa próxima sessão de Câmara, até porque os eleitos do PS na Assembleia Municipal também já votaram contra a doação.
Para a próxima semana está marcada uma reunião entre autarcas e armadores para “tentar descobrir o que está por trás disto”, porque, segundo Joaquim Tavares, “ninguém é contra a doação deste dinheiro, somos é contra as razões que terão levado a tal doação”.