[ Edição Nº 60 ] – Bloco de Esquerda apresentado em Setúbal.

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barra-4103951 Edição Nº 60,   22-Fev.99

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PSR, UDP e Política XXI formam novo partido
Bloco de Esquerda apresentado em Setúbal

           Setúbal foi a cidade escolhida pelo recém criado Bloco de Esquerda, que passará a ser conhecido com a sigla BE, para a primeira de várias sessões públicas de apresentação do projecto. Segundo os seus mentores, pretende refundar a esquerda e unir todos os descontentes do actual estado da política.           Sob o lema “Começar de Novo”, Luís Fazenda e Carlos Santos, da UDP, Francisco Louçã e Catarina Grilo, do PSR, e Miguel Portas, da Política XXI, apresentaram no dia 20 de Fevereiro em Setúbal, o movimento que será transformado em partido como alternativa à bipolarização da vida política nacional, que dizem ser caracterizada pela alternância de poder entre o PS e o PSD.

          Perante um auditório que encheu a Sala de Sessões da Câmara Municipal de Setúbal, Catarina Grilo, em representação do PSR de Setúbal garantiu acreditar no Bloco de Esquerda para a aglutinação das vontades “de todos os de esquerda” que não se revêm na actual política governamental e na actual oposição protagonizada pelo Partido Comunista. Defende esta jovem que, acima de tudo “é necessário unir a esquerda e todos os jovens em torno das suas reivindicações” porque a união traz a organização e a força.

          Luís Fazenda, Secretário Geral da UDP, garante que o Bloco de Esquerda é necessário a Setúbal e a Portugal para fazer valer os direitos dos trabalhadores, dos desempregados e das minorias. E uma das razões que terá levado à escolha de Setúbal para a primeira sessão pública, diz respeito ao facto de Setúbal “ser terra de gente de esquerda, combativa e associativa” mas que mesmo assim vê “os seus direitos violentados”. É que de acordo com este novo partido, “a esquerda portuguesa continua dividida” e a única solução séria para lhe dar força é “ter humildade, pensar em conjunto e unir esforços para começar de novo”.
          De resto, recomeçar Portugal foi a pedra de toque da sessão pública, pelo que o auditório ouviu atento as mensagens de Miguel Portas e os seus apelos à participação dos cidadãos neste novo partido que classifica de “um projecto contra a actual forma de fazer política” e a actual forma “competitiva de organizar a vida, que torna o homem inimigo do homem”.
          Com esta nova alternativa, Miguel Portas acredita poder vir a ser dada a resposta à recém criada Aliança Democrática e “à escalada da política de direita, em Portugal”, até porque “cada vez mais faz sentido uma esquerda popular, combativa e representativa dos portugueses e dos seus verdadeiros problemas”.
          Francisco Louçã, Secretário Geral do PSR, reforça a ideia de repensar a esquerda e Portugal, unir todos os de esquerda, “desde os descontentes do PCP aos socialistas de esquerda” no sentido de criar uma oposição “séria e verdadeira ao poder instituído” e com o intuito de “enfrentar, denunciar e combater os que, à custa da política e dos critérios da Europa, criam muros e tabus e exploram, silenciam e oprimem os portugueses”.
          O Bloco de Esquerda, que continua a recolher assinaturas para a sua legalização como partido, tendo em conta que a lei portuguesa assim o obriga, promete continuar a lutar contra “a política de Estado” e o actual “estado da política” nas eleições legislativas de Outubro, a que se candidatará, e independentemente de quaisquer actos eleitorais porque, para Francisco Louçã, esta união da esquerda surge de um “sentido integral da responsabilidade” perante os portugueses.

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