Edição Nº 62, 08-Mar.99
Destruição do pinhal da Brejoeira
Autarcas de Azeitão queixam-se ao Governo
A destruição de cerca de 100 hectares de pinhal na localidade de Brejoeira, em Azeitão, em terrenos do empresário António Xavier de Lima, levou os autarcas de freguesia a pedir a intervenção do Ministério do Ambiente para o que classificam de “grave atentado ecológico”.
A denúncia foi feita em conferência de imprensa, realizada no dia 9 de Março, por Diamantino Estanislau, presidente da Junta de São Lourenço, e Joaquim Marcelino, da Junta de São Simão, ambos da CDU, que por considerarem a desmatação “um grave atentado ecológico” decidiram pedir a intervenção do Ministério do Ambiente, da Direcção Regional do Ambiente e da Comissão de Coordenação da Região de Lisboa e Vale do Tejo (CCRLVT).
De acordo com os dois autarcas, a destruição do pinhal ultrapassou o que estava previsto no plano inicial, já que “para além dos 60 hectares que deviam ser desmatados, destruíram outros 40 da chamada zona de segurança”. Uma medida que, segundo o presidente de São Simão, Joaquim Marcelino, garantiu ao “Setúbal na Rede”, “põe em causa a estabilidade ecológica e do solo desta zona do concelho”.
Para além destes problemas, os autarcas apontam outros ligados ao saneamento, já que “os restos de troncos entupiram a vala real” geralmente usada para despejar resíduos sólidos urbanos, pelo que, segundo dizem, “temos aqui outro esgoto a céu aberto e ainda por cima entupido”. Neste processo, a Câmara de Setúbal também é alvo das críticas dos autarcas de freguesia, que acusam a edilidade de ter viabilizado as ideias do empresário António Xavier de Lima ao aceitar o pedido de alteração do uso do solo, que inicialmente previa a instalação de indústrias não poluentes, para a sua utilização em urbanizações de baixa densidade, ou seja, a edificação de um bairro de vivendas, no seguimento do que já está feito do outro lado da estrada da Brejoeira.
Mas de acordo com os autarcas de freguesia, o problema reveste-se de outros contornos “ainda mais preocupantes” quando afirmam que “ninguém sabe o que vai sair daqui porque o empresário tem o hábito de terraplanar e deixar as zonas ao abandono”. E em tom irónico, o presidente da Junta de São Lourenço, Diamantino Estanislau, diz mesmo que “qualquer terreno desbravado e abandonado no distrito tem a chancela AXL”.
Os presidentes de junta dizem-se ainda indignados com a forma como foi conduzido todo este processo, já que foram confrontados com os factos “no terreno”. Tudo porque, segundo consideram estes representantes da população de Azeitão, “qualquer intervenção deste tipo deveria ter sido comunicada às juntas de freguesia”.