Edição Nº 63, 15-Mar.99
“Irregularidades” nos bombeiros de Sul e Sueste
Comandante dos Voluntários rejeita acusações
Foi com “profunda surpresa e alguma perplexidade” que Aníbal Reis Luís, comandante da corporação dos Bombeiros Voluntários do Sul e Sueste, do Barreiro, tomou conhecimento das queixas do Sindicato Nacional de Bombeiros Profissionais. Em causa estão alegadas irregularidades praticadas pelo comandante, relacionadas com a gestão da verba atribuída pelo Serviço Nacional de Bombeiros (SNB) e com a sobrecarga de trabalho para alguns elementos da corporação.
Aníbal Reis Luís garante que as críticas do sindicato “não passam de uma forma pouco digna de denegrir esta instituição” e garante que é necessário ter em conta o contexto em que estas situações se verificam. É a reacção do comandante dos Bombeiros Voluntários do Sul e Sueste, quando confrontado pelo “Setúbal na Rede” com as acusações proferidas pela direcção do Sindicato Nacional dos Bombeiros Profissionais.
De acordo com o comandante, por um lado, o SNB atribui à corporação cinco pessoas para trabalhar em regime de permanência e “embora recebamos dinheiro para essas pessoas distribuímo-lo por sete, que é o número de pessoas que fazem o mesmo serviço”. Razão pela qual, o montante pago aos bombeiros profissionais não corresponde ao valor atribuído pelo SNB, que segundo o sindicato é de 6 contos por cada profissional e não de 4 contos por dia.
Por outro lado, adianta o comandante, a verba destina-se também “a minimizar alguns prejuízos que os bombeiros possam ter na sua actividade profissional”, prejuízos que, ainda segundo o comandante, englobam as despesas da corporação com a alimentação e que são compensados com parte da verba do SNB. “O destino a dar a essa verba é estipulado em reunião com toda a corporação”, acrescenta Aníbal Reis Luís.
Quanto aos subsídios que alegadamente terão sido retirados às telefonistas e motoristas da corporação, o comandante do Sul e Sueste afirma que o caso é simples, já que “são pessoas com vínculos laborais e, portanto, recebem um ordenado estipulado por lei”.
A sobrecarga de trabalho para os motoristas das ambulâncias, outra das críticas do sindicato, tem para o comandante “uma explicação simples”. Ou seja, “por vezes não há gente suficiente para esse serviço, pelo que entre o ir e o não ir, não há dúvida em mandar apenas uma pessoa” explica este responsável. Para além disso, como dos cerca de 50 doentes diários “a maioria apenas têm dificuldade em andar, só uma pessoa é capaz de aguentar esse trabalho”, justifica o comandante dos bombeiros.
Após 30 anos de serviço na corporação, Aníbal Reis Luís diz “nunca ter tido uma situação do género” e por este motivo, garante ter “dificuldade em aceitar um procedimento deste tipo”. No entanto, está ciente de que “se não tivesse capacidade para ver as necessidades dos meus homens, muito menos seria capaz de reconhecer as necessidades das pessoas que servimos”.
Sandra Pires