[ Edição Nº 64 ] – Área Metropolitana de Lisboa inviabiliza dossier sobre a ponte Vasco da Gama.

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barra-2184373 Edição Nº 64,   22-Mar.99

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Área Metropolitana de Lisboa inviabiliza entrevista
Dossier sobre Ponte Vasco da Gama fica incompleto

           A Ponte Vasco da Gama comemora na próxima Segunda-feira, dia 29 de Março, o primeiro aniversário da sua abertura ao público. Durante todo este mês o “Setúbal na Rede” tem desenvolvido um dossier com vista a analisar os impactes daquela que é uma das maiores estruturas jamais construídas na região. Lamentavelmente vemos este trabalho ser interrompido esta semana devido à atitude de menosprezo por parte da Junta da Área Metropolitana de Lisboa, em relação a este projecto.

          O “Setúbal na Rede” é um projecto pioneiro no país e já nos habituámos a viver com as dificuldades inerentes a quem desbrava caminho. É uma iniciativa privada, independente de qualquer poder, e já nos acostumámos a ver os apoios passarem ao lado, para aqueles que defendem as mesmas cores.

          No entanto, por muito acreditarmos na viabilidade e na importância deste projecto para o desenvolvimento da região, temos aplicado todas as nossas forças para o levar por diante. O “Setúbal na Rede” é hoje o resultado de um enorme esforço financeiro individual e de um enorme sacrifício pessoal.
          Com pouco mais de um ano de aturado trabalho, o “Setúbal na Rede” apresenta hoje um produto que não duvidamos ser de grande qualidade, o que pode ser comprovado através de uma consulta ao nosso arquivo de notícias, que possui já perto de mil artigos. Um dos nossos pontos de honra tem sido o desenvolvimento de dossiers temáticos, nos quais abordamos a fundo os grandes temas de actualidade do nosso distrito.
          Os referidos dossiers, normalmente desenvolvidos sob a forma de entrevistas, são assim como a nossa ‘jóia da coroa’, onde fugimos à pressão da agenda de acontecimentos que condicionam o perfil de toda a comunicação social e que o “Setúbal na Rede” também não pode ignorar.
          Assumindo a importância que os dossiers temáticos têm para o “Setúbal na Rede”, estes começam a ser estudados e preparados com uma grande antecedência e várias vezes têm que ser adaptados à disponibilidade e até ao interesse que determinados protagonistas poderão ter para nos conceder as entrevistas.
          É legítimo, e compreensível, que determinada pessoa não nos conceda uma entrevista, pelas mais variadas razões que só à própria dizem respeito. O que não é normal é as coisas passarem-se como se passaram com a Junta da Área Metropolitana de Lisboa e acabarem com um prejuízo no trabalho do “Setúbal na Rede”, acrescentando ainda o facto de termos de suportar a arrogância de pessoas que julgam estar acima dos comuns mortais.
          Quando partimos para a elaboração do dossier relativo ao aniversário da Ponte Vasco da Gama estruturámos o trabalho de forma a desenvolvê-lo ao longo de cinco semanas, onde seriam analisados os impactes nos concelhos do distrito de Setúbal mais directamente afectados, nomeadamente Alcochete e Montijo, os impactes ao nível do ambiente e ordenamento do território e ainda na política de transportes e acessibilidades na Área Metropolitana de Lisboa, para acabarmos com o balanço feito pelos próprios gestores da travessia, a empresa Lusoponte.
          O pedido de entrevista com o Dr. João Soares, presidente da Área Metropolitana de Lisboa, foi efectuado por fax datado de dia 23 de Fevereiro, onde todo este enquadramento era explicado. Com prontidão recebemos um telefonema da AML onde era acusada a recepção do pedido e começaram-se a definir métodos para a elaboração da referida entrevista, com a colocação da hipótese de a mesma ser efectuada com a Dra. Dalila Araújo, ao que o “Setúbal na Rede” não levantou qualquer objecção.           Um novo telefonema acabou por nos informar que afinal a entrevista seria mesmo com o próprio Dr. João Soares que, já tendo sendo informado dos nossos objectivos, teria demonstrado todo o interesse em concedê-la, mas que devido à sua falta de disponibilidade esta deveria ser feita por telefone, bastando para o efeito ligar-lhe para a Câmara Municipal de Lisboa, onde, como se sabe, também exerce as funções de presidente.           Foi aí que começaram a surgir as primeiras dificuldades, com as secretárias da edilidade lisboeta a montarem uma verdadeira barreira, com a exigência de pedidos formais por fax e demais ofícios burocráticos, não sendo possível demovê-las nem mesmo com a justificação de que tudo estava tratado via AML e de que o presidente estaria à espera do telefonema.           De novo em contacto com a Área Metropolitana de Lisboa deparámos com a ausência por uns dias das pessoas que tinham encaminhado todo o processo, pelo que se instalou de novo todo o quadro de exigências formais de burocracia e outras dificuldades do género. Entre elas surgiu, pela primeira vez, a hipótese de a entrevista ser feita por escrito, o que prontamente recusámos, por não se coadunar com o conceito que temos de entrevista.

          Estávamos a menos de uma semana da data prevista para a publicação do trabalho e a única esperança pareceu-nos ser a reunião que, coincidentemente, estava há muito marcada para Sexta-feira, dia 19, entre um responsável do “Setúbal na Rede” e a Dra. Dalila Araújo, que não tendo como objectivo tratar de assuntos jornalísticos, poderia ser uma óptima ocasião para deixar o assunto do dossier resolvido.

          Nessa reunião deparámo-nos com uma estranha posição de arrogância, em que a Dra. Dalila Araújo não só recusou taxativamente conceder a entrevista, sem fornecer qualquer justificação, como ainda nos quis ‘ensinar’ a fazer o nosso trabalho, dizendo que não havia motivo para fazermos um “drama”, pois podíamos entrevistar a Câmara de Alcochete, a Câmara de Montijo ou até a Lusoponte.
          O que a Dra. Dalila não quis saber foi que já tínhamos entrevistado as autarquias de Alcochete e Montijo, e que a Lusoponte irá encerrar o nosso dossier, no próprio dia de aniversário da Ponte Vasco da Gama. Também não nos quis explicar como é que íamos conseguir marcar uma entrevista para o próprio dia, quando a que nós pretendíamos com a AML estava a ser tratada há um mês.
          Por isso, só nos resta lamentar a atitude de menosprezo demonstrada pela Área Metropolitana de Lisboa em relação ao “Setúbal na Rede” mas, mais do que isso, o desprezo evidenciado em relação aos nossos leitores e sobretudo a todos os que vivem na Área Metropolitana de Lisboa e que, certamente, gostariam de saber que políticas de transportes e de acessibilidades estão previstas para esta complicada região.           Para a semana esperamos então concluir este dossier com o balanço de um ano da Ponte Vasco da Gama feito pela própria Lusoponte, empresa gestora da estrutura, deixando um pedido de desculpas a todos os leitores pela desagradável falha desta semana que nos foi de todo impossível ultrapassar pelas razões apresentadas.

Pedro Brinca – Director     

          [email protected]

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