Edição Nº 65, 29-Mar.99
Para diminuir a poluição automóvel
Quercus quer ‘racionar’ transportes na ponte 25 de Abril
A associação ambientalista Quercus quer menos tráfego na ponte 25 de Abril, pelo que decidiu apelar à utilização dos transportes públicos e à partilha dos veículos particulares. A decisão foi dada a conhecer em conferência de imprensa realizada no dia 26 de Março, com base num estudo efectuado sobre o grau de poluição provocado pelo trânsito automóvel naquela zona.
O projecto da Quercus para a diminuição da poluição automóvel, ao abrigo da campanha denominada “Programa de Sensibilização para a Melhoria da Qualidade do Ar”, será entregue ainda esta semana junto da Secretaria de Estado dos Transportes e prevê a sensibilização da opinião pública para uma “maior utilização dos transportes públicos”.
Mas para quem continuar a preferir o automóvel, os ambientalistas propõem o pagamento diferenciado das portagens, consoante o número de ocupantes do veículo. Francisco Ferreira, o presidente da Quercus, contou ao “Setúbal na Rede” que se trata de um “prémio” para quem rentabilizar da melhor forma o transporte próprio, pelo que a proposta aponta para a “redução considerável” do preço das portagens nos veículos que transportarem cinco passageiros.
Dando como exemplo o actual preço da portagem, 150 escudos para os ligeiros, Francisco Ferreira refere que um automóvel com três ou mais passageiros passaria a pagar 130 escudos, enquanto um automóvel só com o condutor pagaria 180 escudos. Para o presidente da Quercus, esta seria “a melhor forma de incentivar a uma boa rentabilização dos meios”, evitando assim os elevados níveis de poluição provocados pelos milhares de veículos particulares que diariamente atravessam a ponte.
Questionado sobre a funcionalidade deste método para os veículos com via verde, Francisco Ferreira afirma tratar-se de “uma questão de civismo”. Ou seja, de acordo com o projecto, os veículos com três ou mais passageiros passariam por uma das entradas da via verde destinada para esse fim. E para os prevaricadores, “que experimentem passar sem a lotação adequada”, Francisco Ferreira prevê um conjunto de “pesadas multas”. Quanto à fiscalização periódica destes procedimentos, Francisco Ferreira refere que poderia ficar a cargo de agentes policiais. Para a aplicabilidade deste projecto, Francisco Ferreira conta com o civismo dos condutores, à semelhança do que, segundo afirma, se vem praticando nos Estados Unidos e em alguns países da Europa, como é o caso da Suécia e da Finlândia. Para justificar a necessidade de mudar os hábitos dos portugueses quanto à utilização do transporte próprio, o presidente da Quercus lembra que uma pessoa que utilize o veículo próprio, produz 20 vezes mais dióxido de carbono do que se for de comboio e 12 vezes mais do que se for de autocarro. Por outro lado, Francisco Ferreira recorda que a lotação de um comboio equivale à de 20 autocarros e à de 878 automóveis, pelo que recomenda a utilização dos transportes urbanos para chegar a Lisboa. E dada a importância que a travessia o Tejo, por comboio, poderá ter para a diminuição da poluição do ar, a Quercus gostaria de ver estas medidas aplicadas logo que este meio de transporte entre em funcionamento. [email protected]