Edição Nº 65, 29-Mar.99
“Atentados ambientais” no distrito
Verdes querem explicações do Governo
A ausência de medidas concretas para a resolução de problemas como o da descontaminação dos solos da Metalimex, a suspensão dos trabalhos do areeiro de Mouriscas e a resolução do caso Tecnogomes, em Sesimbra, poderão ser sintomas da falta de interesse ou de conhecimento da realidade ambiental do distrito. A convicção é dos representantes do partido ecologista os Verdes que no dia 23 de Março visitaram as áreas em causa, para depois pedirem explicações à ministra do Ambiente.
Heloísa Apolónia, deputada do partido ecologista Os Verdes está preocupada com a “ausência de resposta” do Ministério do Ambiente (MA) aos pedidos, quer dos deputados quer da Junta de Freguesia do Sado, para a divulgação dos resultados das análises que terão sido efectuadas ao solo da Metalimex, em Dezembro do ano passado, pouco depois de efectuado o último carregamento das escórias de alumínio para a Alemanha.
Uma preocupação que, segundo a deputada eleita por Setúbal, contou ao “Setúbal na Rede”, resultou do facto do partido ter recebido uma resposta “estranha” da ministra Elisa Ferreira, de que “se for provado que a intoxicação dos solos se deve única e exclusivamente às escórias, o Ministério actua”. Uma frase que faz a ecologista Carmen Francisco desconfiar da verdadeira intenção do Governo sobre esta matéria, até porque, segundo adianta, “poderão existir outros factores que, com o correr dos anos, tenham dado uma ajuda à degradação do solo”.
E adianta que a alegada “falta de interesse” na resolução dos problemas de descontaminação dos solos que durante anos estiveram em contacto com as escórias, poderá estar patente na carta “anedótica” do MA à Junta de Freguesia do Sado. É que “em resposta ao pedido sobre os resultados, a Junta recebeu do Governo o preçário das análises ao solo”.
“Repor a legalidade”
Mas as críticas dos Verdes não ficam por aqui, já que consideram escandalosa a situação criada pela exploração de um areeiro na Herdade das Mouriscas, também na freguesia do Sado, que de acordo com Carmen Francisco “está totalmente ilegal”, não tem licença nem dispõe de qualquer identificação, pelo que no ano passado foi multada pela Câmara de Setúbal.
Uma multa que, no entanto, não impediu a continuação da extracção de areias, uma situação que de acordo com o responsável do partido ecologista no distrito, Fernando Pésinho, tem provocado problemas ambientais uma vez que “as escavações são tão profundas que já atingiram os lençóis freáticos” que abastecem de água a cidade de Setúbal. Para além disso, os ecologistas estão desconfiados de que algumas das áreas de areeiro cuja exploração terminou, “parecem estar a ser cobertas com lixos e resíduos urbanos” sem qualquer tipo de controlo ou de tratamento.
Em Sesimbra, os ecologistas depararam-se com outro “atentado ambiental”, levado a cabo pela laboração da Tecnogomes, uma empresa de construção e reparação de embarcações de grande porte sediada num estaleiro destinado apenas à construção e reparação de barcos tradicionais de madeira. “Para além de não estar licenciada”, segundo dizem os dirigentes do partido ecologista, a Tecnogomes “tem provocado a poluição das águas e do ar”.
Isto porque, de acordo com Os Verdes, “as poeiras lançadas durante o processo de trabalho, vão directamente para a urbanização ao lado e para a própria praia, poluindo as areias e a água desta zona balnear”. Tal actividade, no entender de Heloísa Apolónia, “não dispõe de medidas de segurança para evitar a poluição”, pelo que tem causado danos no ecossistema e na saúde das próprias populações. Assim, Os Verdes exigem que a ministra do Ambiente vá ao parlamento explicar o que tem feito no sentido de resolver estes problemas “e de repor a legalidade” nas questões da protecção do ambiente.