[ Edição Nº 66 ] – Projecto de recuperação da zona de Cacilhas.

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barra-8208813 Edição Nº 66,   05-Abr.99

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Projecto revoluciona Cacilhas
Sete milhões para recuperação

           A zona ribeirinha de Cacilhas vai ter um terminal intermodal com ligação ao metro de superfície, uma pequena marina e um teatro. Para além disso as salgadeiras romanas e o antigo farol serão recuperados. As obras estão calculadas em sete milhões de contos e são projectadas para o ano 2000. Esta revolução urbana prevê um volume total de construção de 100 mil metros cúbicos, para uma área de intervenção de 28 mil metros quadrados. Trata-se de um investimento na ordem dos sete milhões de contos, sendo que os prazos de execução dependem da evolução formal do processo.           Cacilhas vai ser alvo de uma profunda intervenção urbanística destinada a recuperar e revitalizar toda a freguesia. O projecto, vencedor do concurso público, é da responsabilidade do arquitecto Vasco Massapina e foi elaborado pelo consórcio constituído pelas empresas Atelier Cidade Aberta e Semaly, Ingénierie Des Transports Publics. A maqueta esteve exposta na oficina de cultura da Câmara de Almada até ao dia 31 de Março, juntamente com as outras cinco finalistas da 2ª fase do concurso para elaboração do plano de pormenor.           Uma das prioridades da equipa de trabalho foi a devolução de todo o largo Alfredo Dinis à circulação pedonal. O trânsito será condicionado e o estacionamento proibido no ginjal, à beira-rio, que será uma área de lazer e recreio. A área dos antigos estaleiros navais vai ficar ligada ao largo Alfredo Dinis através de um estreito fluvial, sendo que os cacilheiros e os ferrys vão passar a atracar a nascente dos actuais cais, que serão desmantelados. A meio será construída uma pequena marina com capacidade para receber os taxis fluviais e albergar barcos para exposição ao público.

          O futuro largo de Cacilhas ficará assente em plataformas móveis que oscilarão conforme a maré. Segundo explica o arquitecto Vasco Massapina, a ideia “é que as pessoas se apercebam se a maré está alta ou baixa, já que esta será uma zona de desfrute à beira-rio”. Também a pensar num miradouro privilegiado sobre o Tejo e Lisboa, a equipa responsável pelo projecto desenhou uma estrutura metálica que serve de apoio e, ao mesmo tempo, pretende realçar o histórico farol de Cacilhas, entretanto desaparecido. O farol vai ser reconstruído, podendo mesmo ser utilizado, em simultâneo, para sinalização marítima e para visitas do público em geral.

          Soluções inovadoras

          Os barcos que fazem a travessia do Tejo terão uma ligação mais funcional aos autocarros e ao futuro metro de superfície, constituído através de um terminal intermodal. Assim, os carris da rede Metro Sul do Tejo vão partir de um terminal a construir na segunda doca da Parry & Son e vão rasgar toda a Avenida 25 de Abril em direcção a Almada. Aqui, explica o arquitecto, “foi pensada uma solução inovadora que se traduz num sentido reversível para as carruagens no terminal de partidas e chegadas”. Isto porque, acrescenta, “não só se poupa em tempo, porque são dispensadas as chamadas manobras de mudança de agulha, como traduz também uma economia de custos”. Por isso, Vasco Massapina acredita que esta solução foi um dos factores determinantes para a preferência do júri. A ideia, elaborada pelo parceiro do consórcio, a empresa Semaly, inspira-se nos metros de superfície de Bruxelas e de Estrasburgo.
          Tal como acontece nestas duas cidades europeias, “pretende-se que o metro conviva com o tradicional trânsito rodoviário, pelo que será também semaforizado nos cruzamentos”. Este projecto de futuro para a freguesia de Cacilhas teve em conta o Plano Director Municipal de Almada, daí, a intervenção no chamado morro de Cacilhas onde existem actualmente alguns barracões, um parque de estacionamento e um moinho histórico. Assim os automóveis vão passar a ficar limitados a um parque subterrâneo, a criar nessa zona, com ligação directa ao terminal intermodal.
          O actual moinho será recuperado e adaptado para estar aberto ao público, sendo que uma escadaria, uma rampa de acesso e alguns espaços verdes completam o projecto. No morro vai nascer um dos espaços culturais do projecto. Trata-se de um edifício de características polivalentes, cuja principal actividade será o teatro, “um palco para os muitos grupos de teatro amador que existem no concelho” refere Vasco Massapina. A outra infra-estrutura cultural vai ficar instalada na rua Cândido dos Reis e as antigas salgadeiras romanas, que actualmente se encontram escondidas, voltarão a ver a luz do dia e estarão expostas ao público.

Maria Augusta Henriques     
[email protected]      

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