[ Edição Nº 66 ] – CRÓNICAS DA BEIRA MAR por Raul Oliveira.

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barra-5431384 Edição Nº 66,   05-Abr.99

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CRÓNICAS DA BEIRA-MAR
por Raúl Oliveira (Jornalista do “Imenso Sul” e
correspondente do Público)

Grande juiz é o povo!

           Inevitável seria que dois acontecimentos que nestes dias preocupam o povo português, não merecesse da sua parte os comentários mais assisados, porquanto é conhecido o aforismo popular “voz do povo, voz de Deus”.           Apesar de ausente do meu habitat habitual, o Litoral Alentejano, em gozo de férias nos arredores de Santarém, capital do Ribatejo, tenho tido oportunidade de ouvir, em várias pequenas localidades, a opinião das pessoas, principalmente à hora dos noticiários televisivos.           Se a morte anunciada da aliança (?) política denominada Alternativa (?) Democrática, na realidade poucas vozes a lastimaram, antes pelo contrário, já a guerra no Kosovo, ninguém a defende, como ninguém fica indiferente às imagens televisivas das vagas de refugiados que tentam escapar aos horrores dos bombardeamentos e principalmente da limpeza étnica atribuída aos sérvios.

          No que respeita à A.D., que Deus haja, o mais vilipendiado dos seus progenitores, Paulo Portas, poucos ou nenhuns defensores tem por estas bandas e os epítetos com que é mimoseado, sempre que aparecesse nos écrans televisivos, demonstram o inverso do que o próprio apregoa: “os portugueses sabem que eu (não) digo a verdade”.

          A preocupação que as pessoas manifestam sobre o resultado imprevisível da guerra do Kosovo é a de que quem mais interesses tem nesta guerra, os americanos são os que menos estão envolvidos nela em termos humanos.

          Porque terão que ser os outros, os mais pequenos, a ter que “tirar as castanhas do lume”, questiona-se muito boa gente.

          O drama dos refugiados levanta vozes de protesto contra a acção hedionda dos sérvios e de comiseração e angústia pelo destino dos indefesos albaneses, sendo a punição dos sérvios o único factor que levanta algumas discrepâncias quanto à forma da sua inquestionável concretização.           Ninguém tem a solução à mão de semear para a sugerir, como ninguém duvida que as coisas não podem ficar como estão, mas no que todos estão de acordo é que nada justifica que se extermine um povo, que tanto direito a existir e a viver em liberdade como o povo sérvio, seu actual algoz. [email protected]     

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