Milhares para a preservação do ambiente
Quercus e porto de Sines ajudam animais marinhos
Cento e cinquenta mil contos é quanto vai custar o futuro Centro de Recuperação de Animais Marinhos do litoral alentejano, a implementar pela Quercus com o financiamento a 100% da Administração do Porto de Sines (APS). O mega projecto ambiental, único em todo o país, será construído ao longo deste ano junto ao Clube Naval de Sines. Os trabalhos serão acompanhados de perto pelos parceiros da Quercus neste projecto: a APS, a Câmara Municipal e os técnicos do ambiente da Universidade de Évora. Convictos da inexistência de entraves ao actual projecto ambientalista, as entidades promotoras desta acção esperam que a entrada em funcionamento do espaço de salvamento de animais selvagens possa ocorrer no início do ano 2000.
A notícia foi já confirmada ao “Setúbal na Rede” pelo dirigente da Quercus do Alentejo, Dário Cardador, que se diz satisfeito com o desfecho das negociações com a APS e com o aval do Instituto de Conservação da Natureza (ICN) para pôr ‘de pé’ esta estrutura de recolha e salvamento de aves e mamíferos marinhos. E pelas contas do ambientalista, “é uma sorte a ideia ter conseguido resistir”, tendo em conta que o projecto, apresentado em 1997, acabou na ‘gaveta’ do ICN por cerca de dois anos, “dada a falta de vontade para o fazer andar”.
O arrastamento do caso era tanto mais estranho “quando se sabia que não lhe pedimos qualquer financiamento”, acrescenta o dirigente ambientalista alentejano. Tudo porque as respectivas verbas sempre estiveram asseguradas pela APS que “aceitou a proposta de imediato”. Uma aceitação que não surpreendeu Dário Cardador, visto que, com um porto de águas profundas ‘a caminho’, que “significa um perigo maior de acidentes com navios”, a autoridade portuária “tinha mesmo de se munir de meios capazes de acudirem em caso de catástrofe”.
O Centro de Acolhimento vai contar com cinco piscinas para mamíferos marinhos doentes ou debilitados, um túnel de voo com 60 metros de comprimento e um lago com cerca de 40 metros, para albergar aves marinhas em situação de risco. A equipa de salvamento, composta por ambientalistas, funcionários cedidos pela Câmara e biólogos da Universidade de Évora, vai contar com barcos de resgate próprios e os meios logísticos postos à disposição pela APS. O trabalho a desenvolver nesta área irá complementar as acções desencadeadas ao longo do último ano, no Centro de Recuperação de Animais Selvagens de Santo André, dedicado ao salvamento de mamíferos e aves terrestres.
Neste novo centro, a Quercus estará pronta a acorrer a casos de emergência, seja uma catástrofe ambiental provocada por navios, seja a sobrevivência de qualquer espécimen cuja segurança esteja ameaçada por razões naturais. Assim, espera receber diversas espécies marinhas que todos os anos necessitam de ajuda, como é o caso dos gansos patolas, de passagem pelo Alentejo durante as migrações para África. Papagaios do mar, golfinhos e tartarugas são outras espécies sensíveis que a Quercus pretende ajudar sempre que a intervenção se justifique.