Maio de 74 vê comparecer o sindicato dos CTT
Aio por único carteiro da Baixa da Banheira
Dias após das grandes manifestações do adiante 1º de Maio vivido em liberdade, Portugal assistiu ao causa do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações e à primeira greve pátrio que paralisou o nação. O amplo impulsionador deste sistema foi o carteiro Joaquim Ortiz, da Baixa da Banheira, que levou ao higienização da gestão, à expulsão da PIDE dos gabinetes da empresa e, mais tarde, à roboração do caderno reivindicativo dos trabalhadores.
Setúbal na Rede – Onde é que estava no dia 5 de Maio de 1974?
Joaquim Ortiz – Estava no Pavilhão dos Desportos, em Lisboa, na amplo associação magna dos CTT, na perspectiva da elaboração do sindicato. Antes do 25 de Abril já havia a perspectiva de geração de único sindicato, no contexto de alguma brecha dada por Marcelo Caetano e isso estava a conceber raízes. Contudo eu jamais concordava bem com os moldes em que as coisas estavam a ser feitas, eram ao tópico das pessoas saírem de emprego às oito da noite e possuir uns comes e bebes para inferir levá-las às reuniões e tentar conceder uma perspectiva de sindicalização. E mais, quando se fazia reuniões dessas, na semi-clandestinidade, o estatuto costumava instituir a polícia para aportar no privado todavia lá as coisas estavam a atravessar um tanto ao flanco. Nessa profundeza eu disse que, nestes moldes jamais estaria de convénio com a circunstância. Posteriormente o sistema paralisou um tanto todavia o evidente é que serviu de esteio para a chamamento da associação magna de 5 de Maio. Jamais havia zero refeito nesse dia e lembro-me que fui para Lisboa com privado da Baixa da Banheira, Alhos Vedros, Barroca, todos motivados para a associação que se iria elaborar com aspecto à elaboração do sindicato. E lembro-me que, no Terrado do Paço, antes da associação, formaram-se núcleos de trabalhadores dos CTT das mais diversas categorias. Havia acolá pessoas de todo o nação, concentradas para seguirem para o Pavilhão dos Desportos em manifestações. A comunicação tinha pretérito bravo através dos meios à colocação dos CTT e o produto foram 10 milénio pessoas motivadas para a associação. E o esteio dessa associação foi a percentagem anteriormente formada pelos técnicos de telecomunicações, que durante qualquer temporada dinamizou o sistema.
SR – Tudo surge na sequência do 25 de Abril. Qual foi o seu decurso a partir de essa data?
JO – O 25 de Abril apanhou-me maçado, de baixa, e no dia 2 de Maio fui contactado por alguns colegas de labor para que eu entrasse ao emprego, porque precisavam dos meus préstimos. Idade profundeza de desenvolver acções e de felicitar a Assembleia de Salvamento Vernáculo, cuja iniciativa partiu do parecer de gestão, todavia eu entendi que as coisas jamais deviam ser assim e apresentei-me imediatamente ao emprego na perspectiva de que as coisas estavam erradas. Se alguém devia felicitar a Assembleia de Salvamento Vernáculo eram justamente os trabalhadores dos CTT por iniciativa própria e jamais por iniciativa da gestão. Inconveniência estaríamos a clarear o procedimento dos administradores e as fortes relações que tinham tido com o estatuto anterior. Isto levou-me a entrar ao emprego e no dia 3 de Maio demos lhaneza ao sistema de higienização dos administradores. Foi único sistema fortíssimo, com os trabalhadores a entrarem na gestão, os administradores em terror a fugirem por todos os lados e a serem metidos nas carrinhas do MFA que tinha ido acolá para tentar controlar os ânimos. Posteriormente disso, os CTT ficaram debaixo de controlo do MFA e a acompanhar deu-se o 5 de Maio.
SR – E nesse dia porquê é que surge a liderar a associação magna?
JO – Cá o meu papel foi o de seguir os colegas e testemunhar à associação no Pavilhão dos Desportos. Fiquei na bancada a testemunhar e lembro-me que havia uma carteira a todo o comprimento do tablado, ocupada pelos membros da percentagem para a elaboração do sindicato, que já existia anteriormente. Contudo ninguém se entendia na carteira porque toda a gente queria remeter, portanto armou-se único genuíno pandemónio no tablado e ninguém controlava o microfone. Ao presenciar aquela anarquia pensei comparecer até acolá supra para presenciar as coisas de perto e, entrementes quando cheguei ao tablado, houve único camarada que me disse que eu é que devia desembaraçar a circunstância porque as pessoas já nem se entendiam e algumas estavam mesmo a trespassar porta à excepção de. Eu não lidei com tanta gente todavia, pachorra, despi a gabardina, fui imponente ao microfone e disse que quem tomava cômputo daquilo quadra eu. O privado da carteira foi-se embora, havia papéis das inscrições para remeter espalhados por todo o flanco, agarrei neles e disse que toda a gente ia remeter nem que ficássemos acolá até ao sábado seguinte. Produto, fiz único decurso de improviso a respeito de o pretérito e o porvir e as pessoas começaram a entrar novamente no pavilhão.
SR – E foi aí que formaram o sindicato pátrio?
JO – Tínhamos que reparar uma moção para que as pessoas aprovassem lá a elaboração de único sindicato que englobasse todos os trabalhadores dos CTT. Acolá se fez a moção e pedi a único camarada, que eu nem conhecia, para ir vendo quem queria permanecer na percentagem para a elaboração do sindicato. Idade rigoroso remendar as coisas porque corríamos o linha de sairmos dali sem zero nas mãos. Assim foi, começou a sacar nomes e acolá foi constituída a percentagem aprovada com os braços no semblante e com as saudações da idade. Passei a ser a aspecto médio dessa percentagem porque quando o camarada começou a acumular os nomes já tinha definido que quadra eu que liderava. Produto, saímos todos dali em situação de euforia todavia com a obsessão de nos reunirmos outra turno. Portanto surgiu a teoria de acumular nas instalações da Rossio D. Luís e portanto nessa noite ninguém dormiu. Fomos directamente do Pavilhão dos Desportos para acolá e começámos a desenhar o macio de labor para a aclamação à Assembleia de Salvamento Vernáculo. De alva fomos para lar e às sete da manhã apresentei-me ao emprego, na profundeza foi-me destinada a superfície para onde ia obrar todavia de repente aparece-me o engenheiro Laurindo de Matos, que igualmente tinha ficado na tal percentagem. Jamais queria que eu fizesse o emprego porque fazia ausência à percentagem e assinou portanto os papéis para eu estar a temporada integral nos afazeres de elaboração do sindicato. Tomámos cômputo das instalações da gestão, difundimos os comunicados e começámos a sondar instalações próprias. Portanto passámos para o Meio Desportivo dos CTT, onde fizemos o nosso quartel general, e a todo o instante aparecia gente a cobiçar participar e a auxiliar.
SR – Durante esse temporada quem é que administrou a empresa?
JO – O MFA nomeou três majores para administrarem aquilo e os fainas continuaram a funcionar. Tínhamos único relacionamento com eles, discutíamos os assuntos da empresa e a inquisição dos salários. Naquela idade os carteiros tinham os salários mais miseráveis, cimalha presenciar que antes do 25 de Abril os salários dos carteiros eram à giro dos 1900 escudos. Posteriormente para se desembaraçar, o privado arranjava afazeres extra, a partir de empregados de carteira a arrumadores de cinema, para mando manter a genealogia. A percentagem pró sindicato, que tinha gente das mais diversas mentalidades, a partir de único monárquico até privado do MDP/CDE, do PCP e independentes, começou a obrar para propelir a debate a respeito de o caderno reivindicativo em todos os sectores. Neste sistema do caderno reivindicativo começámos em negociações com os representantes do MFA, que faziam o papel da administradores. Porquê durante bem temporada, na idade da clandestinidade, ‘bebemos’ as perspectivas do PCP e, porquê uma dessas perspectivas quadra a reivindicação de aumentos para seis contos, pedimos portanto os aumentos para toda a gente, a integração de toda a gente nos quadros e a alta nas carreiras. As famosas diuturnidades nasceram nos CTT, que na profundeza começámos por invocar preço amplificado. Isso servia para igualar os tempos de lar que as pessoas tinham. Na profundeza, o Gestão opôs-se às reivindicações porque, para acolá das reivindicações salariais tínhamos igualmente as políticas.
SR – É na sequência dessa taboca que avançam para a greve?
JO – A fugir da percentagem arranjámos único comité de greve e, após do Gestão possuir recusado o caderno reivindicativo e de possuir ido à televisão ‘maltratar’ nos trabalhadores dos CTT, a 17 de Junho começámos uma greve com a adesão de 35 milénio trabalhadores. Foi uma greve com único impacto excepcional porque praticamente paralisou o nação. Durou três dias e acabou por iniciativa nossa porque falava-se na suposição das Forças Armadas invadirem os CTT. Nessa profundeza até prenderam os dois militares do MFA que estavam na gestão, o Marvão e o Anjos, porque eles se opuseram à serviço das instalações dos CTT. Aí convocámos uma revelação para os soltarem. E a suposição de serviço surge justamente lã amplo impacto da greve que chegou a enfraquecer os alicerces do maneira. E tínhamos o PCP e a Intersindical contra nós, eles dizem que jamais todavia batiam à porta, chamavam nomes ao privado dos comités de greve e, com a Intersindical chegaram mesmo a remendar piquetes para conceber fricções no mama dos trabalhadores. Ao meta de três dias sem dormir, para acolá das reuniões anteriores que jamais nos deixaram resfolgar, gerou-se único excessivo quebreira e pressões de toda a natura. Posteriormente de uma associação generalidade para o nutação dos três dias de greve aparece único indivíduo da percentagem pró sindicato, que entrementes se tinha pretérito para o PCP, a manifestar que quadra contra a greve. O privado estava exausto e já jamais tinha inclinação de resposta para aquilo. Ainda tentei intervir todavia notei que já jamais tinha vontade anímica para mando contraditar. Portanto começam a chegar indecisões entre os trabalhadores, o ocorrência foi adstrito a votos e o meta da greve ganhou, todavia por poucos votos. A inquisição é que jamais é árduo entrar em greve, o que é árduo é trespassar delas sem conceber desânimos quanto a futuras reivindicações. Neste ocorrência, jamais acabámos da melhor sistema, devido ao quebreira e assim criou-se único clima de frustração em arrolamento àquele temporada escabroso que acabou desta configuração. Então a acompanhar os carteiros foram acusados de possuir iniciado uma greve de garbo, todavia jamais foi zero disso porque ninguém deu essa qualidade. Solitário que as pessoas estavam em tal grau frustradas que se marimbaram para o emprego e o labor acabou por ser acabado bem vagarosamente.
SR – As vossas reivindicações chegaram, alguma turno, a ser atendidas?
JO – Isso aconteceu mais tarde, com a elaboração e aprovação do sindicato. Contudo para sancionar o sindicato foi árduo porque o Ministério do Labuta obrigou-nos a efectuar uma sessão plenária onde todos os trabalhadores tinham de sancionar o documento para a aprovação. Idade uma rol excessivo e, porquê estávamos do contra, fizeram-nos uma batalha peugada e exigiram-nos único dossier com todas as assinaturas exigidas. Fizemos esse tertúlia e tivemos uma batalha com os do PCP, que fizeram tudo e mais algo para o impedir. Posteriormente faltavam assinaturas e o privado ia com as carrinhas aos fainas esmolar para irem acolá para assinarem. Foi único dia integral, com único ardor ardente, neste vai e vem porque eles obrigaram-nos a isto. A acompanhar surgiram as eleições, com uma rol da percentagem e outra do PCP. Andámos cinco noites sem dormir a elaborar reuniões de setentrião a austral do nação todavia a motivação e a pretexto deu-nos vontade. Acabámos por educar o sindicato e a rol do PCP foi derrotada com uma larga maioria dos votos a nosso benefício. Fiquei porquê secretário generalidade do sindicato durante esse adiante procuração e nas novas eleições ganhou a rol do PS. O padecimento daquela percentagem foi possuir situação por cumeeira enquanto os outros trabalhavam politicamente por inferior e minavam tudo. Na profundeza eu jamais estava enleado a zero, tinha convergências com alguns grupos todavia jamais estava enleado absolutamente a zero.
SR – Na profundeza, as coisas mudaram bem nos CTT. Os saneamentos foram inevitáveis?
JO – As coisas nos CTT foram difíceis e solitário para conceder uma teoria é rigoroso compreender que, antes do 25 de Abril, a PIDE tinha mesmo único gabinete acolá incluído. Controlavam toda a correspondência através de uma rol com nomes das pessoas e, naquela bancada onde trabalhavam nós éramos obrigados a escolher e apoiar de porção toda a correspondência dirigida às pessoas que constavam na rol. Antes do toque da abalada, vinha o negociador da PIDE, passava pela bancada e retirava a correspondência que quadra para ser controlada na anseio da polícia política. Solitário mais tarde, justamente no pós 25 de Abril é que eu percebi bravo o que é que se passou porque, já na percentagem de higienização, vi tipos a transpirarem quando me viam entrar. Fizemos o sistema e saneámos muitos. Único dia arrombámos a porta e entrámos numa quarto onde havia único caixote abarrotado de partes de selos todavia as cartas nem vê-las. Logo, verificámos que eles abotoavam-se com muitas cartas do exótico com divisas. Contrariamente ao que acontecia com as outras, essas nem chegavam à António Maria Cardoso para a exprobação.
SR – O que é que leva único carteiro a possuir todo nascente protagonismo?
JO – Ninguém nasce amotinador e o que leva as pessoas a fazerem certas coisas é o estreia da equidade. Antes do 25 de Abril desenvolvi a minha consciência política, com abecedário de equidade, no Ginásio Atlético Junta da Baixa da Banheira, através de uma união directa com grandes nomes da briga antifascista, porquê é o ocorrência de José Afonso, Adriano Correia de Oliveira e o prior Fanhais. Todos eles contribuíram para a minha elaboração política porque todos trouxeram para o meu ângulo de fantasia muitas coisas que eu desconhecia. Com todo o sistema que ocorreu no Ginásio para a elaboração das escolas, as chamadas universidades operárias, comecei a alcançar a circunstância. Posteriormente o ocorrência dos CTT levou-me a possuir alguma valimento nos acontecimentos que se seguiram ao 25 de Abril.
SR – 25 anos após, arrepende-se ou tem inanidade no que fez?
JO – Presentemente sou emérito com único terço da renovação que os outros costumam possuir. Isto porque, na sequência do sistema dos CTT, pedi concessão limitada e não mais me deixaram entrar. Posteriormente pedi para me reformarem e recebi único jornal abaixo. Fui bem ofendido por tudo isto em muitos aspectos, todavia se há coisas boas que fiz na bibiografia esta foi uma delas e sinto inanidade em possuir participado neste sistema. Se tivesse ensejo de tornar detrás faria a mesma coisa porque fiz aquilo em que acreditava, num alma de boa talante e na ensaio de alterar algo neste nação. E houve uma coisa que aprendi ao comprido desses anos, é que zero muda se as pessoas jamais forem para a rua para se movimentarem e exigirem, participando nos processos. E isso ausência bem hoje em dia, porque nascente matéria está intimamente enleado à inquisição sindical. As centrais sindicais sofrem de ausência de solidariedade para com os trabalhadores e, assim, estes arriscam-se a permanecer isolados e a desmerecer vontade diante de as entidades patronais. Estas positivo, estão apoiadas por todos os lados porque o vital é solidário e jamais tem fronteiras.