Aeroporto vai para a Ota
Movimento Pró Rio Frio não se conforma
A decisão do Conselho de Ministros, tomada no dia 22 de Julho, veio confirmar o parecer da ministra do Ambiente, Elisa Ferreira, e a decisão do ministro do Equipamento, João Cravinho, de reservar os terrenos da Ota para a construção do novo aeroporto de Lisboa. A medida refere-se apenas à reserva de terrenos, deixando para o próximo Governo a decisão de construir o novo aeroporto, e foi mal recebida pelos dirigentes do movimento de empresários, autarcas e agentes sociais que lutavam por este equipamento em Rio Frio.
Os dirigentes do Movimento Pró Aeroporto em Rio Frio estão desiludidos com a decisão do Conselho de Ministros, uma vez que na reunião alargada realizado no dia 21 de Julho, em Setúbal, haviam manifestado alguma esperança de que o dossier não fosse à aprovação tão cedo. Por isso, na reunião da Comissão Executiva, realizada um dia depois da decisão do Conselho de Ministros, foi decidido repudiar a decisão oficial, ao mesmo tempo, aprovar a continuação das actividades do Movimento, que irá acompanhar o processo ao longo dos próximos anos.
É que, segundo José Santos, presidente da Associação Empresarial da Região de Setúbal (AERSET) e membro da Comissão Executiva do Movimento Pró Aeroporto em Rio Frio, uma decisão como a da localização de um aeroporto internacional, “não pode ser tomada de forma tão rápida e sem informar os principais interessados de todos os documentos que estiveram na base da escolha“.
Em declarações ao “Setúbal na Rede”, José Santos manifestou-se “muito desiludido“, quer com a decisão final quer com todo o processo que levou à escolha da localização, uma vez que “nem tudo foi transparente“. As queixas dizem respeito à não divulgação dos resultados do estudo efectuado pela Comissão de Acompanhamento, que esteve na base do parecer ministerial sobre os impactes ao nível do meio ambiente. Por isso, na última reunião foi decidido “solicitar novamente, a documentação que esteve na base da decisão ministerial“, bem como uma reunião com a Comissão Parlamentar de Acompanhamento da Instalação do Aeroporto.
Mas, o que mais confunde o Movimento é que “ainda ninguém conseguiu justificar a decisão“, uma vez que, de acordo com José Santos, “ficou provado que os impactes previstos eram minimizáveis“. Para além disso, acrescenta que a construção de um aeroporto internacional na Ota “vai sair muito mais cara” do que sairia em Rio Frio e que, por outro lado, qualquer investimento na Portela sairia ‘gorado’ em poucos anos, devido às limitações físicas e ambientais de crescimento do aeroporto de Lisboa.
No entanto, reforça a ideia de que o dossier Rio Frio ainda não está encerrado, uma vez que, da parte do Movimento, “vão continuar os protestos sobre a decisão final“. Isto porque, no entender de José Santos, a decisão do Conselho de Ministros, para além de “não fazer qualquer sentido em aspecto nenhum“, vai contra os interesses nacionais e o desenvolvimento sustentado do distritos de Setúbal e de todo o Alentejo, acrescenta.
Um desenvolvimento sustentado que o próprio Governo preconizou, garante José Santos, no Plano Nacional de Desenvolvimento Económico e Social, que previa a implementação, no distrito, de infra-estruturas e equipamentos, “para potenciarem a evolução equilibrada” na região. E adianta que “quem perdeu foi a população” do sul do país que, segundo acrescenta, “mais uma vez foi penalizada ao não ver cumpridas as promessas de esbatimento das assimetrias regionais“.