Avante marca o início do ano político do PCP
Carvalhas promete mais regalias aos portugueses
Tal como se tem verificado ao longo dos 23 anos de existência da Festa do Avante, o comício de encerramento marca o início do ano político dos comunistas portugueses. Por isso, os discursos proferidos na Quinta da Atalaia, no Seixal, giram em volta da governação e do que não se fez durante a legislatura, e da renovação das apostas do PCP na melhoria das condições de vida dos portugueses. Este ano não fugiu à regra, e Carlos Carvalhas voltou a afirmar-se como o líder do partido que considera ser o único a fazer oposição ao Governo PS.
Sob a ‘batuta’ das eleições legislativas, marcadas para o dia 10 de Outubro, o comício de encerramento da Festa do Avante foi marcado pelas críticas do secretário geral do PCP, Carlos Carvalhas, à actual governação socialista que, no seu entender, “prometeu mas nunca cumpriu” os projectos em que apostou.
Razão pela qual Carlos Carvalhas quer que os eleitores penalizem o PS nas próximas legislativas, até porque, segundo adiantou, “os portugueses estão fartos de falsas promessas, de populismo e da política neoliberal“, que diz serem protagonizadas “pelo bloco central, do PS e do PSD, com o apoio do Partido Popular“.
E para provar que o PCP “continua a ser o único partido que representa os interesses dos trabalhadores“, Carvalhas prometeu que na próxima legislatura os deputados comunistas irão apresentar um conjunto de propostas que, a serem aprovadas “poderão dar resposta a alguns dos mais sentidos problemas nacionais“.
Entre o conjunto de propostas, encontra-se o aumento do salário mínimo nacional, em “pelo menos 3% acima da inflação“, o aumento das pensões e reformas a partir do próximo dia 1 de Dezembro, o estabelecimento de um plano nacional de combate à precarização do trabalho e um calendário para a redução progressiva do horário de trabalho semanal, que passaria das 40 para as 35 horas.
O vasto pacote de medidas apresentadas pelo secretário geral do PCP, mereceram o forte aplauso dos largos milhares de participantes no comício de encerramento da Festa do Avante, que pela primeira vez contou com um discurso de um representante de uma delegação estrangeira: um representante da Fretilin que recordou a luta do povo timorense pela liberdade e atribuiu, simultaneamente, ao povo timorense e ao povo português, a vitória da independência no referendo de 30 de Agosto.
De resto, quer as manifestações de satisfação face aos resultados do referendo quer os sinais de preocupação quanto à escalada da violência no território foram algumas das ‘pedras de toque’ dos debates promovidos ao longo dos três dias de festa na Quinta da Atalaia.
Para não variar, o recinto foi assolado por ‘enchentes’ de visitantes que, durante três dias ouviram falar de política, da esquerda em Portugal e da luta dos povos oprimidos. Mas o carácter político da festa não impediu as dezenas de manifestações culturais realizadas nos diversos palcos do recinto nem as habituais mostras gastronómicas das regiões e dos países que se fizeram representar.
Considerada como uma das maiores festas comunistas do mundo e a maior manifestação cultural do país, a Festa do Avante continua, ainda, a ser vista pelo secretário geral do PCP, Carlos Carvalhas, como “a maior demonstração da força e do peso do Partido Comunista” na sociedade portuguesa.