[ Edição Nº 88] – Praga mortal está a atacar os pinheiros do distrito.

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Descoberta doença nos pinhais de Setúbal
Praga de vermes pode alastrar a todo o país

      Uma praga que até agora era inexistente em toda a Europa, está a matar os pinheiros de Setúbal e ameaça atingir os pinhais espalhados por todo o país. A praga, descoberta pelos técnicos da Direcção Geral de Florestas, foi detectada entre a Marateca e Pegões, pelo que os especialistas já estão no terreno para tentar circunscrever a área afectada.

Descoberta há cerca de dois meses, em Setúbal, esta praga de insectos que transportam uma larva responsável pela destruição e morte dos pinheiros, apenas era conhecida no Japão e nos Estados Unidos onde já levaram ao abate de milhares de árvores contaminadas.

De acordo com os especialistas da Direcção Geral de Florestas, que descobriram o problema, esta praga poderá ter vindo parar a Setúbal através do transporte de madeiras feito pelo porto de mar ou pela estrada, uma vez que a região é “privilegiada para o transporte deste tipo de material“.

Quem o diz é o director da DRARO, Direcção Regional de Agricultura do Ribatejo e Oeste, Fernando Varela, que já confirmou ao “Setúbal na Rede” a existência desta praga dos pinheiros em Setúbal e a sua perigosidade que advém da destruição que provoca nos exemplares afectados e da facilidade com que a doença se propaga.

Questionado sobre as razões que levaram à não divulgação da descoberta, logo no mês de Junho, Fernando Varela disse que não o fez por não querer alarmar os sectores industriais e comerciais ligados á exploração da madeira, até porque a doença foi rapidamente identificada e circunscrita ao local onde foi descoberta.

No entanto, o director da DRARO diz não poder dar garantias de que a praga não se propague pelo país, uma vez que nada impede que outros carregamentos de madeira importada possam estar contaminados. Mas para já, foram tomadas medidas de precaução, em colaboração com as indústrias do sector sediadas em Setúbal, no sentido de “precaver qualquer propagação da doença“, acrescenta este responsável.

Enquanto isso, uma equipa de especialistas da União Europeia prepara-se para se deslocar a Setúbal, no dia 13 de Setembro, para analisar os problemas, no local, e tomar medidas de precaução no sentido da doença não se propagar a outros países da Europa comunitária. Uma situação que pode vir a preocupar seriamente as indústrias ligadas a esta matéria prima, porque se a situação for mesmo grave, Portugal corre o risco de ver embargada a exportação de madeira de pinho.

Contactado pelo “Setúbal na Rede”, o presidente da associação ambientalista Quercus, Francisco Ferreira, diz-se preocupado com a recente descoberta que poderá colocar em perigo todos os pinhais do país, que constituem a maior parte da mancha florestal nacional.

E chega mesmo a apontar o dedo ao Governo ao garantir que a culpa é de quem “permite a cultura intensiva de apenas uma ou duas espécies“, como é o caso do pinheiro e do eucalipto, “o que faz com que possa suceder uma razia” na floresta portuguesa em casos como este.

Quanto à possibilidade destes insectos terem sido ‘importados’ conjuntamente com alguns lotes de madeira, o presidente dos ambientalistas afirma que isso “só prova que em Portugal a fiscalização não funciona“. E aponta o exemplo negativo dos Estados Unidos, que “só depois de terem visto as florestas destruídas é que se lembraram de fazer um apertado controlo das matérias importadas”.