[ Edição Nº 89] – EM VERDADE VOS DIGO… por Mendes Ferreira.

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Chamar os Bois pelos nomes…
Sim… porque os Bois têm nomes!

          Com a máxima honestidade não era sobre Timor que eu ia escrever esta crónica. O demasiado respeito que nutro pelo sofrimento alheio não me permite tocar este tema com qualquer tipo de ligeireza!

Não é pois com ponta de pretenso humor que escrevo estas palavras que exprimem a ideia muito simples, mas real, que vos quero transmitir.

É, bem pelo contrário, com a mais pura revolta e o meu mais veemente repúdio. Repúdio contra os actos brutais e desumanos praticados contra um povo indefeso e contra aqueles que se mostram incapazes de os defender e os que os arrastaram para isto.

Este governo de Indonésia é uma merda. Ponto final.

A comunidade, perdão a Comodidade Internacional é outra merda. Ponto final parágrafo.

Porém se o momento é de profunda angústia, isso não me impede de pensar e reflectir. Os maiores bens com que Deus dotou o Homem são a memória e a inteligência. Surge então a primeira dúvida.

Como é possível terem-se subscrito os acordos de Nova Iorque quando toda a gente, a quem Deus minimamente dotou, previa o que se está a passar.

Terão que responder por esta chacina o que por ignorância, incompetência ou má fé a assinaram.

A memória, outro dos Bens com que Deus nos dotou, faz-me recuar aos anos 50 onde só a desobediência de um general – Vassalo e Silva – às ordens de Salazar evitou um banho de sangue na então Índia portuguesa.

Depois a Guerra Colonial onde brancos e pretos – seres humanos como nós se chacinavam. Depois o abandono de Timor na chamada descolonização exemplar.

Depois as feridas e sangue que deixamos a jorrar em Angola, Moçambique e Guiné.

E agora reincidindo em Timor.

Tudo em nome de acordos possíveis, margens muito estreitas, agarrar a oportunidade, estamos a fazer o possível…

Tudo desculpas e incompetências que as incontáveis centenas de milhares de mortos nunca perdoarão!

Pobres e tristes, os políticos caseiros, cavaleiros da triste figura, criminosos do politicamente correcto têm sido os agentes privilegiados do horror, da tragédia, do sangue e do martírio. Os portugueses têm sido representados por este tipo de gente.

É tempo de usar o outro atributo que Deus nos deu – a inteligência – e perguntarmos quem é esta gente que nos tem representado.

Não!! Estes políticos não representam o Povo que somos! A mim, não! Minimamente.

Os Bois têm nomes…