[ Edição Nº 89] – Produtores florestais desdramatizam praga dos pinheiros.

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Praga dos pinheiros não convence produtores
Associação desdramatiza mas ajuda investigações

      José Lupi Caetano, presidente da Associação de Produtores Florestais de Setúbal (AFLOPS) reage à notícia da existência de uma praga mortal de vermes nos pinheiros da região com a garantia de que o problema ainda não está identificado. No entanto garante que a AFLOPS está a colaborar com a Direcção Geral de Agricultura, nas acções de investigação tendentes à descoberta da origem da doença que mata os pinhais em pouco mais de um mês.

Apesar de não terem visto “um único documento escrito” a suportar o alerta do cientista da Universidade de Évora, que diz ter descoberto os vermes nos pinheiros entre Marateca e Pegões, os produtores florestais da região disponibilizaram-se para uma parceira com as autoridades sanitárias, no sentido de tomar medidas preventivas naquela área do distrito.

Quem o diz é o presidente da AFLOPS, José Lupi Caetano, que garantiu ao Setúbal na Rede estar preocupado com a situação. No sentido de ajudar a identificar a praga, os produtores acataram as ordens da Direcção Regional de Agricultura do Ribatejo e Oeste (DRARO), para colocar a área de quarentena, e ao mesmo tempo os técnicos procedem à retirada de amostras para análise.

Será o resultado dessas análises, em conjunto com as investigações dos técnicos fitossanitários da União Europeia que esta semana vão estudar as árvores afectadas, que determinará as medidas a tomar num futuro próximo.

Mas para já, José Lupi Caetano diz que “não há que tomar posições radicais” quanto a este problema, uma vez que dos cerca de 30 mil hectares de área colocada de quarentena, “apenas 4 hectares são de pinheiro bravo”. E acrescenta que nestes 4 hectares, “apenas foram cortados e queimados 150 pinheiros com sintomas suspeitos“.

Entretanto, se for provado que praga não existe, os produtores florestais vão assegurar-se de que “serão apuradas as responsabilidades e compensar os produtores por não poderem escoar os seus produtos no mercado“, afirma este dirigente. Quanto à possibilidade de um embargo comunitário ao pinho português, por causa desta doença, Lupi Caetano diz que se trata de uma medida “completamente descabida“, pelo que no sentido de a evitar, defende “a intervenção do Governo português nesta matéria“.

A existência de uma praga de vermes parasitas, até agora desconhecida nos pinheiros de toda a Europa, poderá matar os pinheiros bravos de Setúbal e ameaçar atingir os pinhais espalhados por todo o país. Descoberta pelo cientista da Universidade de Évora, Pinto Ganhão, na zona florestal entre Pegões e Marateca, esta praga terá tido origem num carregamento de madeiras contaminadas, que terá dado entrada na região através do porto de Setúbal.

A descoberta desta doença, que se pensava restringida aos Estados Unidos e ao Japão, levou mesmo à criação de um Gabinete de Crise para tomar medidas no sentido de circunscrever a área afectada. E como as análises às amostras indicaram tratar-se da espécie mais letal do verme nemátodo, a Direcção Geral de Florestas já cortou e queimou 150 pinheiros doentes, ao mesmo tempo que notificou os proprietários dos pinhais, proibindo-os de fazer cortes e comercialização das madeiras de pinho.

Este produto tradicional da região de Setúbal, tem normalmente como destino a fábrica da Portucel, em Viana do Castelo, e uma fábrica de aglomerados de madeira do grupo Sonae, instalada em Mangualde.