Cidadãos de Setúbal mobilizam-se
Milhares na manifestação por Timor
A angústia nacional pelo massacre da população em Timor Loro Sae, levou um grupo de cidadãos de Setúbal a promover, na noite de dia 7 de Setembro, uma manifestação que arrastou largos milhares de pessoas, entre gente anónima, políticos, autarcas, empresários, religiosos e dezenas de timorenses residentes na região. De velas acesas nas mãos, desde o Largo José Afonso até ao Largo de Jesus, onde foi realizada uma vigília, os manifestantes foram conduzidos pelo Bispo de Setúbal, Dom Gilberto Canavarro dos Reis.
“Que a comunidade internacional se movimente para que parem os massacres“, foi como o Bispo de Setúbal, Dom Gilberto Canavarro dos Reis deu início à vigília no Largo de Jesus, realizada na sequência da manifestação que percorreu a avenida central da cidade.
A ideia do administrador apostólico de Setúbal foi secundada pelo discurso do dirigente do Conselho Nacional da Resistência Timorense (CNRT), Paulo Pires, que exortou os
refugiados timorenses residentes em Setúbal a encararem os acontecimentos “com coragem“, uma vez que a comunidade internacional “será obrigada a actuar” perante os protestos dos portugueses “que influenciaram a opinião pública internacional“.
Perante os muitos milhares de pessoas presentes na manifestação e na vigília, Paulo Pires admitiu ter ficado “profundamente tocado e comovido” com a capacidade de mobilização e com a solidariedade demonstrada pela população do distrito.
Mas a grande mobilização popular não impediu que a presidente da Câmara Municipal de Almada, Maria Emília de Sousa, apelasse ao reforço da “mobilização da população” para a causa de Timor Loro Sae em todas as iniciativas a realizar no distrito e em Lisboa.
No discurso dirigido aos manifestantes, Maria Emília Sousa fez ainda questão de condenar a comunidade internacional e as Nações Unidas pelo facto de não terem promovido uma intervenção militar em Timor Loro Sae, a tempo de evitar o massacre e a deportação de milhares de timorenses.
Para a realização desta acção, que contou com manifestantes oriundos de muitos concelhos do distrito, diversas autarquias disponibilizaram vários autocarros para transportar os cidadãos até Setúbal. Entre elas as câmaras de Almada, Barreiro, Seixal, Sesimbra e Palmela.