[ Edição Nº 90] – CRÓNICA DE OPINIÃO por Paulo Ribeiro.

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Timor Loro Sae não pode esperar

          Depois de uma participação expressiva no referendo, bem demonstrativa da coragem, do civismo e da vontade indomável de um Povo que luta há 24 anos pela liberdade e pela democracia, Timor Loro Sae vive uma situação insustentável.

A alegria pela vitória inequívoca da independência e o júbilo pela libertação de Xanana Gusmão foram efémeros, sendo substituídos pelas lágrimas e pela dor de quem mais uma vez se vê perante um massacre colectivo e não tem como se defender.

Por isso não se pode deixar de manifestar a mais profunda solidariedade com o drama do Povo Timorense, que sofre no corpo e na alma a violência de um regime sanguinário e a indiferença de uma comunidade internacional hipócrita.

Uma comunidade internacional que só depois de cem mil mortos, de ataques à comunidade religiosa e à UNAMET e de uma verdadeira chacina que os indonésios perpetraram em Timor é que se prepara para intervir. E, mesmo assim, só depois dos indonésios pedirem, ou seja, depois de autorizarem e depois de já terem devastado todo um país e assassinado quase toda uma população. Mesmo assim, decidida que está a intervenção internacional, os indonésios continuam a matar em Timor. É caso para perguntar porque demoram tanto tempo as Nações Unidas para acudir a este Povo mártir.

Enquanto a comunidade internacional espera e os Timorenses desesperam, os Portugueses, pelas mais diversas formas, continuam a manifestar a sua solidariedade para com o Povo Timorense, procurando com isso que o sofrimento de um Povo não seja esquecido pelo mundo. Nestas últimas semanas Portugal tem estado na rua. Com a sua força, com a sua perseverança, com a sua revolta, os Portugueses tem mostrado ao mundo que Timor não é diferente do Kosovo, do Kuwait e da Bósnia e que as Nações Unidas não podem abandonar os Timorenses. Um grito de revolta e de esperança tem-se feito ouvir de uma ponta a outra de Portugal.

Os Timorenses, que cobardemente abandonamos em 1975, merecem tudo o que possamos fazer por eles.