[ Edição Nº 92] – Praga mortal dos pinheiros está circunscrita a Setúbal.

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Edição Nº 9204/10/1999

Praga dos pinheiros é mesmo mortal
Medidas preventivas estendem-se a todo o país

          Está confirmado que os vermes encontrados em alguns pinheiros bravos entre Marateca e Pegões são aqueles que matam as árvores em menos de um mês. A confirmação foi feita por especialistas portugueses, no que foram secundados pelos técnicos fitossanitários da União Europeia de visita a Setúbal. Por isso, a zona vai continuar de quarentena e as medidas preventivas serão alargadas a todo o país.

O verme nemátodo que mata os pinheiros em menos de um mês está “circunscrito” à península de Setúbal, garante o director da Direcção Regional de Agricultura do Ribatejo e Oeste (DRARO), Fernando Varela, que se diz satisfeito com o conjunto de medidas que têm vindo a ser tomadas no sentido de não permitir o alastramento da doença.

E para reforçar esta ideia de segurança, as direcções regionais de agricultura, reunidas no dia 30 de Setembro, em Pegões, decidiram implementar medidas de análise e controlo da qualidade dos pinheiros por todo o país, como forma de evitar futuros problemas relacionados com a doença da ‘morte súbita’.

Em relação à área de quarentena, entre Pegões e Marateca, vão continuar as medidas de prospecção e abate de árvores doentes até que o problema seja erradicado. Para além disso, prosseguem os condicionamentos à circulação de madeira de pinho, bem como a proibição de exploração desta matéria prima.

Quem não parece estar alarmado com a confirmação da presença de vermes letais nos pinheiros bravos é o presidente da Associação de Produtores Florestais da Península de Setúbal (AFLOPS), José Lupi Caetano, uma vez que acredita que este problema pode ser combatido sem prejudicar muito as indústrias que dele dependem.

E este responsável adianta que foi já criada uma comissão de acompanhamento que inclui a Direcção Geral de Florestas, os produtores e os comerciantes desta área, no sentido de se encontrarem “métodos de exploração e comercialização” das madeiras “sem promover a disseminação da doença”.

Abate de sobro sem autorização

As

queixas dos ambientalistas da Quercus, sobre a ilegalidade do corte de parte de um montado de sobro na freguesia de Pontes, em Setúbal, tinham razão de ser porque o corte desta espécie protegida não foi autorizado. A novidade foi avançada ao “Setúbal na Rede” pelo director da DRARO, Fernando Varela que acrescentou que “o pedido foi rejeitado” por não se tratar de um abate por razões de utilidade pública.

Mas apesar das proibições e dos autos levantados pela GNR, continua a persistir a razão que levou a Quercus a denunciar, no 23 de Setembro, aquilo que classifica de um “autêntico crime ambiental” na periferia do concelho de Setúbal.

Isto porque, uma semana depois, o montado de sobro com cerca de 10 hectares continua a ser derrubado a bom ritmo, sob os olhares atentos da população que por duas vezes denunciou o caso. E segundo a Quercus apurou, a morte deste ‘pulmão’ verde protegido por lei, deve-se à implementação, no local, de um parque de estacionamento de uma empresa.

Dadas as queixas recebidas nos últimos meses, o presidente da Quercus, Francisco Ferreira, diz-se preocupado com os cortes desta espécie protegidas nos arredores das zonas urbanas. Isto porque os montados de sobro constituem “as únicas réstias de Natureza e da presença das espécies autóctones da região”, acrescenta.

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