Com menos um deputado eleito
Socialistas ganham em Setúbal
Os eleitores do distrito de Setúbal retiraram um mandato ao PS, que na legislatura anterior detinha nove lugares no parlamento, mas deram o benefício da dúvida ao Governo ao elegerem oito deputados socialistas. A CDU subiu e chegou ao quinto deputado, o PSD manteve os três mandatos, enquanto o PP conseguiu eleger Rosado Fernandes. Para trás fica o Bloco de Esquerda, sem qualquer deputado eleito, num distrito onde a abstenção chegou aos 39,5%.
A perda de um deputado no distrito de Setúbal não parece ter feito mossa no PS, que chegou aos 8 eleitos com um total de 43,65% dos votos. Pelo menos é o que afirma o cabeça de lista pelo distrito, Jorge Coelho, que enfatiza o facto dos socialistas terem vencido em todos os concelhos do distrito.
Razão pela qual
Jorge Coelho garante que “quem venceu as eleições foi o Partido Socialista” e refere mesmo que este “foi o melhor resultado de sempre” no país. Quanto às razões da perda do nono deputado, argumenta com a abstenção que subiu de 32,30% nas legislativas de 1995, para os actuais 39,5%, e com um novo factor chamado Bloco de Esquerda, que segundo Jorge Coelho, “obteve em Setúbal um número de votos significativo”.
O facto do PS ter conseguido 8 deputados em Setúbal é para Jorge Coelho, “uma forte razão para trabalhar com mais afinco” em prol do distrito de Setúbal e “cumprir todas as promessas feitas ao longo da campanha”. Um cumprimento em que se diz “fortemente” empenhado, enquanto eleito pelo distrito de Setúbal.
Do lado da CDU também há razões para festejar, uma vez que a coligação obteve 24,8% dos votos, o que lhe permitiu eleger mais um deputado e catapultar para o parlamento o histórico sindicalista Vicente Merendas. O resultado deixou “muito satisfeito” Octávio Teixeira, o cabeça de lista da CDU, que já esperava o reforço da coligação em Setúbal.
Octávio Teixeira disse ao “Setúbal na Rede” que este reforço dará aos seus deputados “ainda mais ânimo para trabalhar pela região” e adianta mesmo que se tratou de uma vitória da esquerda e uma “grande derrota para o PS”. Já quanto ao Bloco de Esquerda, reafirmou o que tinha vindo a dizer desde o início da campanha: “o BE não retirou votos à CDU”.
Para o Partido Social Democrata tudo ficou na mesma, uma vez que, no distrito de Setúbal, manteve os três mandatos da legislatura anterior, o que deixa satisfeita Lucília Ferra, a nº 2 da lista liderada por António Capucho.
É que, segundo contou ao “Setúbal na Rede”, embora “preferisse eleger mais um deputado”, este resultado “não foi surpresa”. Por outro lado garante que a grande surpresa esteve “na perda de um deputado do PS” em Setúbal. Embora admita que o PS “foi o vencedor das eleições” Lucília Ferra diz que a vitória deveu-se à conjuntura económica favorável “e à instrumentalização da maior parte da comunicação social”.
Nestas legislativas, o cabeça de lista do Partido Popular, Rosado Fernandes, acabou por repetir a proeza do falecido Kruz Abecasis e conseguiu ser eleito num distrito virado à esquerda. Por essa razão, Rosado Fernandes disse ao “Setúbal na Rede” estar “orgulhoso” quer pela escolha do eleitorado quer pela campanha desencadeada pela máquina popular em Setúbal.
E tal como prometeu durante a campanha eleitoral, Rosado Fernandes quer num mandato de quatro anos em defesa do distrito “através da aposta na massa crítica, no ensino e na implementação de condições para o investimento”.
Já quanto ao Bloco de Esquerda, para eleger um deputado por Setúbal teria de passar dos 2,7% que obteve nas eleições europeias, as primeiras em que participou, para 5% nestas legislativas. O que acabou por não se verificar, uma vez que obteve 13,785 votos, ou seja, 3,54%.
Mas em vez de desanimar com o resultado obtido em Setúbal, o cabeça de lista Carlos Santos garante tratar-se de “um triunfo da nova esquerda”, uma vez que estes resultados foram “significativamente melhores” que os anteriores e, para além disso, os bloquistas conseguiram representação no parlamento através dos dois deputados eleitos por Lisboa.
O resultado dá ainda a Carlos Santos mais dois factores de ânimo para o futuro: “o facto do PS não ter ganho a maioria absoluta e ter perdido um deputado em Setúbal”, e as “boas” perspectivas que a nova esquerda “irá ter nas eleições autárquicas” de 2002.