Corte de sobreiros em Setúbal
Junta de Gâmbia responsabiliza Câmara
O abate cerca de oito hectares de montado de sobro num terreno frente à Junta de Freguesia de Gâmbia, Pontes e Alto da Guerra para receber um entreposto automóvel, está a irritar o presidente da Junta que acusa a Câmara de Setúbal de ter “ajudado” na decisão da empresa de abater centenas de árvores protegidas.
Em causa, segundo o autarca de freguesia explicou ao “Setúbal na Rede” está o facto da autarquia ter dado o sim ao licenciamento, o que “despoletou o corte das árvores” que diz ser ilegal aos olhos da legislação. Uma ilegalidade já confirmada ao por fonte da Direcção Geral de Florestas (DGF), que garantiu ter sido “indeferido” o pedido de abate e levantado um auto de notícia ao descobrir que os cortes continuavam. Tanto mais que, segundo a mesma fonte, as árvores protegidas que só podem ser arrancadas “quando estiver em causa o bem público”.
Por ter conhecimento disso, a autarquia “devia ter inviabilizado logo” a aprovação da obra, refere o presidente da Junta, que chega a afirmar que o pedido de licenciamento tivesse sido indeferido, “tinha-se conseguido preservar o montado”.
As acusações do autarca de freguesia são rejeitadas pela Câmara, uma vez que a vereadora do Urbanismo, Teresa Almeida, diz ter respeitado a lei e o próprio Plano Director Municipal (PDM) ao atribuir o licenciamento. Isto porque, segundo afirma, o PDM refere tratar-se de um terreno terciário. No entanto, não deixa de garantir que a edilidade também repudia o corte ilegal e recorda que, por diversas vezes, alertou a empresa para a necessidade de pedir autorização à DGF.
Quem ficou a perder com a situação foi “a freguesia e o meio ambiente”, queixa-se o presidente da Junta, receoso de uma descaracterização daquela zona rural que “aos poucos vai perdendo toda a área de floresta”. Além disso, queixa-se de que o trânsito de camiões carregados de veículos para o entreposto vai fazer do trânsito local “um inferno ainda maior do que já está”.
A empresa que adquiriu os terrenos frente à sede da Junta de Gâmbia é de capitais espanhóis e italianos e está directamente ligada ao grupo Fiat. Chama-se Trive e nos 8 hectares de terreno que ‘limpou’ de sobreiros e azinheiras pretende implantar um entreposto de veículos daquela marca, empregando cerca de 30 pessoas. Fonte ligada ao Sindicato dos Metalúrgicos garantiu ao “Setúbal na Rede” que a vinda da empresa para Setúbal deve-se à recente decisão de encerrar o actual entreposto de Vendas Novas.